JHUAPL / NASA
A New Horizons a meio caminho entre Úrano e Neptuno
A sonda New Horizons, da NASA, começou a preparar-se para um sobrevoo histórico: a 31 de dezembro, irá estudar e fotografar o misterioso Ultima Thule – o objeto mais distante que alguma vez tentámos visitar.
Depois de 9 anos de viagem, a New Horizons passou por Plutão em julho de 2015 e entrou em modo de hibernação a 21 de dezembro do ano passado, para preservar recursos. A semana passada, a sonda foi acordada pela equipa de operações da missão, do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (EUA), conforme o programado.
Agora, a New Horizons está a aproximar-se de Ultima Thule, a uma velocidade de mais de 1,2 milhões de quilómetros por dia. Quando ultrapassar este misterioso objecto, por volta do Ano Novo, a New Horizons deverá ter-nos fornecido informações vitais sobre como o nosso sistema solar se formou.
A sonda está a mais de 6 mil milhões de quilómetros de distância da Terra, viajando através da faixa gelada de detritos do sistema solar – a Cintura de Kuiper.
“A nossa equipa já está envolvida no planeamento e nas simulações do nosso próximo voo em Ultima Thule, e está muito empolgada com o facto de a New Horizons estar de novo activa”, explicou o líder da missão, Alan Stern, investigador do Southwest Research Institute em Boulder, nos EUA, em comunicado.
Nos próximos dois meses, a equipa irá testar os comandos da sonda, actualizar a sua memória, recuperar dados científicos sobre a Cintura de Kuiper e completar uma série de verificações de sistemas.
Após essas etapas iniciais, as operações de sobrevoo e observações distantes de Ultima Thule devem iniciar-se no final de agosto.
Ultima Thule
Oficialmente chamado 2014 MU69, Ultima Thule é um objeto transnetuniano localizado na Cintura de Kuiper. O seu nome, segundo Stern, vem de uma frase nórdica que significa “além das fronteiras mais distantes”.
De fato, se a missão for bem-sucedida, será um recorde: Ultima Thule tornar-se-á o objeto mais longínquo alguma vez visitado pela humanidade, embora a New Horizons não seja a sonda espacial a viajar até mais longe. O título é detido pelas sondas Voyager 1 e 2.
Os cientistas não têm a certeza das dimensões exatas de Ultima Thule. No entanto, a NASA afirmou que parece ser uma rocha em forma de amendoim, e os cientistas suspeitam que tenha até 32 quilómetros de comprimento e 20 de largura.
A New Horizons poderá vir a manter o seu recorde durante décadas, já que nenhuma outra investigação está preparada para fazer uma jornada tão impressionante.
A sonda levou cerca de nove anos, a mais de 56.000 km/h, a chegar Plutão e à Cintura de Kuiper, uma região colossal para lá Neptuno com restos congelados e dispersos da formação do sistema solar. A zona também pode abrigar um planeta do tipo superterra ainda não descoberto.
“A Cintura de Kuiper é realmente o equivalente a uma escavação arqueológica da história do nosso sistema solar”, disse Stern à rádio WBUR. “Como é muito distante e a luz do sol é muito fraca lá fora, as temperaturas são muito baixas – quase zero absoluto. Isso permite a preservação de vestígios de material, intocado até hoje”.
Mal podemos esperar pelas revelações que a New Horizons nos vai trazer.