Um estudo recente destacou a relação entre a exposição ao flúor e o desenvolvimento cognitivo infantil, apontando que concentrações superiores a 1,5 miligramas por litro (mg/L) na água potável podem estar associadas à redução do QI das crianças. Publicado no JAMA Pediatrics, este é o maior estudo já realizado sobre os impactos do flúor na saúde, conduzido ao longo de nove anos pelo Programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos (NTP).
O caso de Portugal
Em Portugal, a fluoretação da água potável não é uma prática comum. O consumo de flúor no país está geralmente associado à ingestão de alimentos e águas minerais engarrafadas, cujos níveis variam amplamente de acordo com a marca e a origem da água. Estudos indicam que as concentrações de flúor em águas engarrafadas podem chegar a 0,5 mg/L, valor significativamente abaixo do limite máximo de 1,5 mg/L estabelecido pela legislação europeia.
Apesar de não haver fluoretação obrigatória na água de abastecimento público, é importante notar que as fontes naturais podem conter níveis variáveis de flúor, dependendo da geologia local. A população portuguesa, portanto, está sujeita a uma exposição moderada ao flúor, o que reduz os riscos associados às concentrações elevadas apontadas no estudo.
Implicações para Portugal
Embora os níveis de flúor presentes em Portugal sejam, em geral, inferiores aos limites de risco identificados, o estudo reforça a necessidade de monitorização contínua das fontes de exposição. Produtos como pastas dentífricas e águas engarrafadas, muitas vezes consumidos sem controlo rigoroso, podem contribuir para o aumento da exposição ao flúor, especialmente em crianças.
Os resultados deste estudo também levantam questões importantes sobre o equilíbrio entre os benefícios do flúor na prevenção de cáries e os seus potenciais riscos para o neurodesenvolvimento. É crucial que as autoridades de saúde continuem a avaliar os níveis de flúor em produtos amplamente consumidos e a informar a população sobre os limites seguros de consumo.
Considerações finais
Portugal, ao evitar a fluoretação obrigatória da água, está numa posição vantajosa em termos de controlo da exposição ao flúor. No entanto, a monitorização das fontes naturais e industriais de flúor deve ser mantida como prioridade, especialmente para proteger populações vulneráveis, como crianças e grávidas. Este estudo é um lembrete da importância de políticas públicas baseadas em evidências para garantir tanto a saúde bucal como o bem-estar cognitivo da população.