(dr) Erik jacobsson
O verme Lineus longissimus
Uma equipa internacional de cientistas descobriu que o verme Lineus longissimus tem uma toxina que poderá vir a ser útil no desenvolvimento de novos inseticidas.
Uma equipa de cientistas da Suécia, Bélgica e Austrália descobriu algo curioso naquele que é o animal mais comprido do mundo. O muco do verme Lineus longissimus tem uma toxina que pode paralisar certas espécies de insetos e matar caranguejos e baratas. Os cientistas afirmam que a toxina poderá vir a ser útil no desenvolvimento de novos inseticidas.
Quando provocam este verme, que pode atingir os 55 metros de comprimento, o animal liberta um muco tóxico para os crustáceos. Esta espécies, que se encontra debaixo de rochas na costa de países do hemisfério norte, como o Reino Unido e a Suécia, pode ser realmente perigosa.
Através da análise ao seu muco, os cientistas descobriram neste verme uma nova família de toxinas, das quais se destaca a alfa-1 nemertida. Quando injetaram doses de muco no caranguejo verde (Carcinus maenas) e na barata-argentina (Blaptica dubia), os animais ficaram paralisados e morreram.
Além disso, explica o Público, os cientistas notaram ainda que a toxina alfa-1 nemertida evitava a inativação dos canais de sódio da barata-alemã (Blattella germanica), da mosca-da-fruta (Drosophila melanogaster) e de um ácaro (Varroa destructor) – todos insetos.
Os canais de sódio situam-se em células nervosas do sistema nervoso periférico e são proteínas que formam um poro na membrana dessas células e permitem a passagem de iões, que acabam por desencadear um sinal.
Ao evitar a inativação desses canais de sódio, o Lineus longissimus causa sinais elétricos contínuos nos nervos e nos músculos dessas três espécies, o que acaba por resultar numa paralisia, detalha o artigo científico, publicado recentemente na Scientific Reports.
Num comunicado, Ulf Göransson, da Universidade de Upsala (Suécia) e coordenador do trabalho, destaca que “esta toxina peptídica é a substância mais tóxica que foi encontrada no reino animal na Suécia e o facto de ser possível usá-la torna esta descoberta ainda mais excitante”.
A toxina alfa-1 nemertida pode ter aplicação comercial, nomeadamente como inseticida. Johan Rosengren, da Universidade de Queensland, na Austrália, e outro dos autores do artigo, refere que a toxina poderá ser usada à semelhança das toxinas de aranhas, escorpiões ou serpentes que têm sido usadas em medicamentos ou na agricultura.
Ainda assim, esta toxina não representa qualquer perigo para os humanos, apenas atrasa a inativação dos canais de sódio dos humanos e de outros mamíferos.
Fonte: ZAP