O presidente executivo da TAP, Antonoaldo Neves, disse hoje, na Assembleia da República, que é preciso que o país se una para salvar a companhia aérea da pandemia e preparar o plano para o futuro, sublinhando que a companhia de aviação precisa “obviamente de auxílios de Estado”.
O responsável da transportadora aérea falava perante os deputados da comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação quando considerou ser necessário “unir o país para salvar a TAP da pandemia”.
Antonoaldo Neves defendeu ainda que a companhia aérea não teria sobrevivido à pandemia se não fossem os investimentos que fez nos últimos quatro anos, por exemplo, com a renovação de frota e aumento de rotas, nomeadamente para os Estados Unidos.
“O desafio é muito grande e é global”, disse ainda, notando que “a procura não vai vir na velocidade que a gente gostaria”. “É muito importante neste momento o país se unir à volta do plano futuro da TAP“, acrescentou.
Este apelo surge depois de a Associação Comercial do Porto ter apresentado uma acção judicial no sentido de travar a ajuda estatal de até 1.200 milhões de euros que foi anunciada para a TAP.
“Obviamente que a TAP precisa de auxílios de Estado”, disse ainda Antonoaldo Neves aos deputados.
“Somos a única empresa da Europa, com excepção da Lufthansa, que não teve apoio”, considerou, notando que a companhia vendeu menos 15% do que há uma semana e hoje só “tem quatro voos”.
“Amanhã, vai ter seis voos, mas o importante não é como a companhia está hoje, mas como vai estar daqui a dois, três ou quatro anos”, referiu ainda.
O responsável da TAP também criticou o que definiu como “uma visão injusta” da Comissão Europeia (CE) numa referência ao acordo feito entre o Governo português e Bruxelas para viabilizar as ajudas estatais.
Antonoaldo Neves destaca que a TAP cumpria os requisitos financeiros necessários para receber ajudas no âmbito dos programas do Governo de ajuda às empresas por causa da pandemia de covid-19.
“Não compreendemos porque a TAP SA não teve acesso ao plano de ajuda temporária”, sustentou também o presidente da empresa. O “caminho devia ter sido outro, mas não vamos chorar, vamos trabalhar com o que tem”.
“Vai ser uma recuperação longa e dura“, salientou, frisando que “faria tudo para proteger postos de trabalho”.
“Se tem alguma coisa que me dói muito, é não poder renovar contrato. Mas não posso contratar pessoas quando não há fundamento para isso, seria populista, estaria fazendo má gestão”, concluiu.
“Nunca houve intenção de desconsideração de qualquer região do país“, indicou ainda, realçando que “é preciso cuidar dinheiro do contribuinte”, mas que é preciso “tomar decisões de gestão que às vezes são duras ou até erradas e que depois são questionadas”.
Antonoaldo Neves também alerta que a “CE é extremamente dura com a TAP”, prevendo que “ninguém vai gostar de ver o que Bruxelas exigiu a companhias aéreas, no quadro de reestruturação”. “É preciso ceder rotas rentáveis. Não espero nada menos”, desabafa.
Fonte: ZAP