A associação ambiental Movimento Gaio recebe no sábado em Arouca 140 voluntários estrangeiros, através da organização não-governamental japonesa Sukyo Mahikari, que pretendem reflorestar, em três dias, seis a oito hectares do Baldio da Ameixieira.
Com despesas de viagem, alojamento e alimentação suportadas a expensas próprias, esses ambientalistas da Polónia, Alemanha, Itália, França e Senegal juntam-se a mais de 20 voluntários portugueses para os ajudar a limpar áreas que arderam em 2016 e nelas plantar 1.000 sobreiros, 1.000 carvalhos e 2.000 pinheiros mansos.
A operação envolve ainda a sementeira direta de 5.000 bolotas de carvalho alvarinho e sobreiro, o lançamento de 1.000 bolas de sementes criadas por alunos do Agrupamento de Escolas de Arouca e a criação de um sistema de rega para as novas plantações.
“Este baldio é um dos maiores da Serra da Freita e está a atravessar uma má fase porque foi muito devastado pelos incêndios de 2016. Embora entretanto nós já tenhamos reflorestado 13 hectares, ainda há muito a fazer”, declarou à Lusa a fundadora da Movimento Gaio, Teresa Markowsky.
“Desta vez tivemos é a surpresa de, logo a seguir ao Ano Novo, a organização Sukyo Mahikari nos ter oferecido o seu voluntariado internacional, associando-se ao nosso trabalho na reflorestação da Ameixieira depois de já ter estado envolvida noutros projetos portugueses, como a devastação de mimosas [invasoras] na Mata Nacional do Bussaco”, realçou a mesma responsável.
Para a viabilidade da reflorestação a realizar em Arouca entre sábado e domingo foi também “essencial” o apoio da Stihl e da Central Lobão, duas empresas que, tendo sede respetivamente em Sintra e Santa Maria da Feira, doaram ao Movimento Gaio ferramentas diversas, entre as quais “enxadas, picaretas, serrotes, ancinhos, tesouras de poda, motorroçadoras e 150 pares de luvas de jardinagem”.
Para Teresa Markowsky, este envolvimento solidário é “indispensável” para a revitalização da floresta portuguesa, considerando que o desempenho institucional das entidades competentes na matéria “deixa muito a desejar e chega a ser vergonhoso, sobretudo no que se refere à fiscalização”.
Em todo o caso, a ambientalista prefere por enquanto focar-se na perspetiva positiva do próximo fim de semana: “O que interessa agora é que, durante três dias, vamos ser 160 pessoas a plantar árvores das 09:00 às 16:00”.
A associação ambiental Movimento Gaio foi criada em 2010 (então com a designação Movimento Terra Queimada) e vem reunindo em torno da “defesa e criação de floresta” centenas de colaboradores que, sempre em regime de voluntariado, diagnosticam as dificuldades do território e elaboram como resposta a esses problemas diversas ações de plantação e sementeira com espécies caducas autóctones.
A instituição propõe-se assim “devolver ao povo português a sua floresta característica”.
Já a organização não-governamental japonesa Sukyo Mahikari (nome que poderá traduzir-se como “Princípios da verdadeira luz”), foi criada em 1959, está focada na melhoria da qualidade de vida enquanto condição necessária à felicidade e, segundo indicação do seu ‘site’ oficial, terá hoje cerca de um milhão de seguidores em 75 países.