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O presidente do Fórum para a Competitividade, Pedro Ferraz da Costa
Pedro Ferraz da Costa, presidente do Fórum para a Competitividade, antecipa uma onda de desemprego até ao final do ano, que muitas empresas não conseguirão manter a atividade e que aumentar o salário mínimo “é criminoso”.
“A recuperação vai ser muito lenta nesses setores, que têm hoje grande peso na economia portuguesa. E acho que muitas empresas não conseguirão manter a atividade. Isso desde o pequeno negócio da restauração até hotéis de maior dimensão. Já foi assim neste verão, em que muitos não reabriram, e mesmo os grandes hotéis de Lisboa não têm hóspedes. Portanto, vamos ter nesses setores muitas dificuldades”, disse Ferraz da Costa em entrevista à TSF.
O presidente do Fórum para a Competitividade confessa que não gostou do plano de Costa e Silva, já que não define prioridades e não ajuda Portugal a encaixar-se no projeto de recuperação europeu. “O plano do engenheiro Costa Silva é escrito quase como se não pertencêssemos à União Europeia”, atirou.
Ferraz da Costa criticou também o Governo por não apostar na ligação Lisboa-Porto em alta velocidade, principalmente porque acredita que, em breve, “o transporte rodoviário de longa distância vai ser proibido por razões ambientais”.
Os 15 mil milhões de euros que Portugal vai receber de Bruxelas a fundo perdido não serão milagrosos, entende o economista.
“Esse montante de fundos é mais do dobro do que aquilo a que costumávamos ter acesso através dos diversos mecanismos de apoio da UE – e que têm sido generosos nos últimos 30 anos, mas com os quais não conseguimos mais do que um crescimento anémico e uma situação de dependência em relação ao investimento”, salientou.
O antigo líder da CIP garante que falta uma maior aposta na indústria, devendo o Governo “falar com empresas de maior dimensão e estabelecer contratos-programa de investimento e expansão quer em mercados onde já estejam, ganhando aí atividade, quer em mercados onde não estejam”.
Em relação à ideia do Governo de aumento o salário mínimo nacional no próximo ano, Ferraz da Costa argumenta que “isso neste momento é uma ideia criminosa”.
“Se começamos a tornar mais difícil ainda a subsistência de empregos pouco produtivos, vamos perdê-los e não sei que alternativa há – isso vai cair sobre a Segurança Social”, explicou, admitindo perplexidade por o ministro das Finanças ter vindo com esta ideia.
Ferraz da Costa deixou ainda críticas à gestão da pandemia por parte do Governo, entendendo que o Executivo não deveria ter fechado as escolas.
“Não devíamos ter fechado as escolas, não há praticamente casos referidos em trabalhos médicos sérios que sejam por transmissão de crianças para professores, mas deixou-se criar um clima de pânico e uma vontade enorme de não dar aulas”, disse à TSF.
Fonte: ZAP