O Caminho da Geira e dos Arrieiros está próximo de atingir a marca simbólica de sete mil peregrinos desde a sua apresentação oficial em 2017. Os dados foram divulgados pela associação galega Codeseda Viva, durante um evento no Posto de Turismo de Braga, no último dia 12 de junho.
Segundo Carlos da Barreira, presidente da associação, entre 2017 e 2025, foram contabilizados 6.847 peregrinos e emitidas 2.730 Compostelas — o certificado concedido a quem completa o percurso. Destes, 70% são portugueses, 16% espanhóis e 14% de outras nacionalidades. Apenas em 2025, já foram registrados 375 peregrinos, sendo que 96% iniciaram a jornada em Portugal, com 72% a partir da Sé de Braga.
O trajeto de 239 km parte da Sé de Braga e atravessa os municípios de Amares, Terras de Bouro e Melgaço (Castro Laboreiro), entrando na Galiza pela Portela do Homem. O percurso segue até à Catedral de Santiago de Compostela e é um dos cinco caminhos oficialmente reconhecidos que fazem esta ligação direta.
Carlos da Barreira falou durante a apresentação da Rapa das Bestas, festival tradicional galego realizado em Sabucedo, A Estrada, cuja ligação simbólica com o Caminho da Geira também foi destacada por autoridades locais. “Ambos são exemplos de convivência, tradição e identidade — um legado do passado que cuidamos no presente para garantir o seu futuro”, afirmou o presidente da Câmara de A Estrada, Gonzalo Louzao Dono.
Já o adjunto do presidente da Câmara de Braga, Pedro Soares, classificou a Rapa das Bestas e o Caminho da Geira como “uma ponte” entre Portugal e Galiza, fortalecendo laços culturais e históricos.
O Caminho da Geira atravessa territórios ricos em património natural e histórico, como a Geira — a via romana mais bem preservada do antigo império romano ocidental — e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. O percurso tem ainda ganhado atenção internacional: já foi trilhado por peregrinos de dezenas de países, incluindo Brasil, EUA, Japão, Palestina, México, Afeganistão e Austrália.
Reconhecido pela Igreja desde 2019, o itinerário também consta em publicações do Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021), consolidando-se como uma importante rota jacobeia e cultural entre os dois lados da fronteira.