A explosão de estrelas há 2,6 milhões de anos pode ter contribuído para a extinção em massa que varreu os oceanos pré-históricos da Terra, eliminando criaturas como o tubarão gigante conhecido como Megalodon.
Partículas cósmicas destas supernovas cobriram a superfície do planeta Terra de tal forma que podem ter causado cancro em grandes criaturas marinhas. Entre as fatalidades aparentes, encontrava-se o Megalodon – um tubarão do tamanho de um autocarro dos dias de hoje.
A teoria foi apresentada por Adrian Melott, um físico da Universidade do Kansas, nos EUA. “Não há nenhuma boa explicação para a extinção da megafauna marinha”, disse, citado pelo The Independent. “Esta pode ser uma. É essa mudança de paradigma – sabemos que algo aconteceu e, quando aconteceu, podemos pela primeira vez aprofundar e procurar as coisas de uma maneira definitiva”.
Para chegar a esta hipótese, Melott baseou-se no seu conhecimento sobre supernovas históricas e evidências do impacto que tiveram na Terra. Os antigos depósitos no leito do mar de isótopos de ferro – formas radioativas de ferro – forneceram uma pista crucial.
As conclusões foram publicadas na revista Astrobiology a 12 de dezembro. Melott afirmou que não havia outra forma de estes materiais chegarem à Terra, exceto devido a explosões de supernova.
Mais apoio veio da estrutura do universo circundante. A Terra fica perto de algo chamado “Bolha Local” – uma enorme região de gás quente e denso que os astrónomos pensam que resultou de uma série de explosões de supernovas – a explosão de estrelas que atingiram o fim da sua vida. Devido à estrutura desta bolha, é possível que a Terra tenha sido banhada por raios cósmicos.
Durante este tempo, partículas chamadas “múons” teriam caído em grande número na superfície do planeta. Muóns – partículas elementares semelhantes a eletrões muito pesados – penetram profundamente as criaturas vivas, incluindo humanos, e são responsáveis por cerca de um quinto da dose de radiação que recebemos.
Geralmente, isto não seria um grande problema. Porém, ao aumentar a exposição aos múons, os investigadores consideram que a radiação poderia ter levado a um aumento das taxas de mutação e cancro. Os maiores animais podem ter sido especialmente suscetíveis, uma vez que seriam atingidos por uma maior dose de radiação.
“Estimamos que a taxa de cancro aumentaria em cerca de 50% para algo do tamanho de um ser humano – e quanto maior, pior seria”, disse Melott. Isto poderia explicar porque é que o Megalodon, bem como um terço de outras grandes criaturas do mar, não conseguiu sobreviver na época seguinte da história do planeta, o Plistoceno.
Os eventos de extinção em massa estão ligados a mudanças climáticas drásticas. Embora raios cósmicos que bombardeiam a atmosfera também possam estar ligados a um clima em mudança, os autores admitem que esta é “uma afirmação controversa”.