Cerca de 80% dos pacientes com covid-19 recuperam-se da doença sem necessidade de serem sujeitos a tratamentos hospitalares, de acordo com a OMS. No entanto, um em cada 6 doentes pode desenvolver uma condição grave como falta de ar (dispneia) e perda da qualidade da voz (disfonia).
De acordo com a Sociedade Espanhola de Otorrinolaringologia e Cirurgia da Cabeça e Pescoço (SEORL), os casos mais graves ocorrem tanto em idosos como em pessoas com outras patologias já conhecidas. Entre essas estão as doenças respiratórias, imunossupressão, hipertensão, problemas cardíacos ou diabetes.
Já foi referido que o novo coronavírus pode deixar sequelas nos dentes. Agora, a instituição British Voice Association, prevê que as consequências respiratórias podem ter efeitos graves na voz de ex-doentes.
Entre os sintomas causados pela covid-19, e descritos até agora, embora variem entre os pacientes, encontram-se sintomas graves (dispneia, febre e lesão pulmonar) ou leves (náuseas, vómitos, tosse seca, fadiga, irritação laríngea, congestão, dor de cabeça ou perda do paladar ou cheiro).
Durante o início do contágio, e numa situação mais grave, os pacientes podem ter capacidade respiratória limitada, por isso a qualidade da voz também poderá será afetada, produzindo assim disfonia.
Os sintomas descritos mostram perda da qualidade vocal, cansaço respiratório, dor ao falar, sensação de pressão no peito ou cansaço ao menor movimento. Também rouquidão, voz “áspera” ou seca, dor laríngea e torácica, sensação de garganta rígida, dor no pescoço ou diminuição da escala tonal são alguns dos sintomas.
Mas qual a razão para a voz ser afetada pelo vírus?
A voz é um ar sonoro produzido pelo aparelho de fala e amplificado nos ressonadores. A laringe é composta de cartilagem, músculo e membranas mucosas localizadas no topo da traqueia e na base da língua. O som é criado quando as cordas vocais vibram com o ar exalado que passa por elas. Portanto, sem ar, não há voz.
Se a capacidade respiratória for afetada, o mesmo acontecerá com a qualidade da voz. A disfonia é uma alteração da voz em qualquer uma das suas qualidades, principalmente no timbre, o que nos permite diferenciar dois sons.
A tosse contínua também pode fazer com que as cordas vocais fiquem inchadas, rígidas e menos flexíveis. Nesse sentido, a qualidade da voz pode mudar, sendo que muitas vezes pode acabar por se transformar num som mais áspero e profundo.
De acordo com o The Conversation, esta situação pode ser revertida através de uma intervenção fonoaudiológica. A Fonoaudiologia é a disciplina científica responsável pelo estudo, prevenção, avaliação e tratamento da voz e da comunicação. Leva também em consideração a audição, a linguagem e as funções orais não verbais (respirar, mastigar, sugar e engolir).
Se os sintomas forem leves, os parâmetros são recuperados com reabilitação e prática respiratória. Se, pelo contrário, forem graves e a tiver estado ligada a ventiladores, pode ter danos mais graves.