Uma equipa de investigadores transformou o genoma do novo coronavírus em música e surpreendeu-se pela melodia agradável que gerou.
Um estudo recentemente publicado na revista científica BMC Bioinformatics revela como a música pode ser usada para revelar propriedades funcionais do genoma do coronavírus.
Este projeto segue o trabalho anterior que gerou um áudio a partir de sequências de ADN humano. Desta vez, o investigador Mark Temple queria aplicar essas técnicas ao vírus que está a varrer o mundo para ver o que poderia ser revelado.
Os genes do coronavírus são como capítulos de livros biológicos: eles contêm todas as palavras que descrevem o vírus e como é que ele pode funcionar. Essas “palavras” são feitas de cadeias de letras químicas às quais os cientistas se referem como G, A, U e C.
Este “livro” viral tem mais de 30.000 caracteres. Alguns desses caracteres juntam-se para formar o que os cientistas chamam de codão, que é uma sequência de ARN que corresponde a um aminoácido específico. Mas, para nos mantermos fiéis à analogia, vamos apenas dizer que eles juntam-se para formar “palavras”.
Os investigadores atribuíram notas a essas palavras para gerar áudio. Os cientistas desenvolveram uma ferramenta online para ouvir o som do coronavírus fazendo duas coisas que a maioria dos genomas faz: a primeira é chamada de “tradução”, que é onde o vírus produz novas proteínas. A segunda é chamada de “transcrição”, que é onde o genoma do vírus se copia.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=ov7Jr2qMfe4?feature=oembed&w=700&h=394]
Há várias coisas que se pode ouvir: o início e o fim dos genes, as regiões entre os genes e as partes do genoma que controlam como é que os genes são expressos.
Relações entre estrutura e função
Para que serve tudo isto? Como ferramenta de investigação, o áudio ajuda a suplementar algumas das muitas exibições visuais que existem para representar informações genómicas.
Por outras palavras, ajuda os cientistas a entender ainda mais sobre o vírus e como é que ele opera. Recentemente, o compositor e investigador brasileiro Eduardo Miranda, da Universidade de Plymouth, usou dados de sequência de ADN para composição musical e para entender melhor a biologia sintética. O investigador Markus Buehler, do MIT, tem trabalhado com representações musicais de proteínas para indagar sobre novas estruturas de proteínas.
Surpreendentemente, ouvindo o genoma do novo coronavírus ficamos surpreendidos com o quão musical ele soa.