Natural History Museum of Denmark / Cryospheric Sciences Lab / NASA Goddard Space Flight Center
Mapa da topografia rochosa
Uma equipa de cientistas descobriu, sob uma camada de gelo na Gronelândia, uma cratera com mais de 31 quilómetros de diâmetro, criada pelo impacto de um meteorito.
A cratera, descoberta por uma equipa internacional liderada por especialistas do Museu de História Natural da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, é uma das 25 maiores que se conhecem na Terra fruto do impacto de corpos celestes. Com 31km de diâmetro, tem uma área de cerca de 97km – sensivelmente a mesma dimensão de Lisboa.
Segundo a Universidade de Copenhaga, que divulgou a descoberta a 14 de novembro na revista Science Advances, é a primeira vez que uma cratera é encontrada sob uma das camadas de gelo continentais da Terra.
A cratera foi originalmente descoberta em julho de 2015 e uma grande equipa passou 3 anos a trabalhar para verificar a descoberta. “Descobertas extraordinárias têm evidências extraordinárias”, disse Kurt H. Kjær, do Museu de História Natural da Dinamarca.
A descoberta inicial partiu da análise de mais de uma década de dados de radar, recolhidos por investigadores entre 1997 e 2014 para o Programa de Avaliação do Clima Regional e Operação IceBridge da NASA.
Esta técnica usa o radar para espreitar através do gelo e construir um mapa topográfico do solo sob uma camada de gelo. Isto permite, por exemplo, a medição da espessura do gelo, o que pode ser útil na estimativa do derretimento do gelo devido ao aquecimento global.
Enquanto observavam os dados, os geólogos notaram algo realmente incomum: uma grande depressão circular sob o Glaciar Hiawatha. “Imediatamente soubemos que isto era algo especial, mas, ao mesmo tempo, sabíamos que seria difícil confirmar a origem da depressão”, disse Kjær.
Na investigação, que durou três anos, incluiu pesquisas com radares e recolha de amostras de sedimentos. A cratera, “excecionalmente bem preservada”, de acordo com os especialistas, formou-se quando um meteorito de ferro que teria um quilómetro de largura atingiu o atual norte da Gronelândia, na zona do glaciar Hiawatha.
Os peritos sugerem, apesar de ainda não terem conseguido datar a cratera, que esta se terá formado depois de o gelo começar a cobrir a Gronelândia, situando o intervalo de tempo entre os três milhões de anos e os 12 mil anos.
A equipa científica vai agora tentar datar a cratera, um desafio que requer a recuperação de material que derreteu durante o impacto do meteorito. Sabendo a idade da cratera, será possível perceber como a queda do meteorito terá afetado a vida na Terra num determinado período.