Recentemente, um programa de televisão levantou uma enorme celeuma na sociedade civil. Bem, se é questionável a utilização das crianças no programa, não deixa de ser verdade que o mesmo podia ser aplicado com sucesso noutro contexto.
Existe uma espécie que tem florescido nos últimos anos, em redor do futebol de formação, refiro-me aos denominados pais-treinadores.
Movidos por uma cega convicção que lá em casa mora o próximo Cristiano Ronaldo, tornam o ambiente em redor da prática desportiva dos seus filhos irrespirável. Acabam por adormecer no seu subconsciente aquilo que sempre souberam, o seu filho gosta é de jogar à bola.
Para estes pais todos os colegas são piores que o seu filho, o clube deixa muito a desejar em todos os aspectos, os treinadores são incompetentes e não fazem a mínima do que estão fazer, e os árbitros, ui os árbitros, essa espécie maléfica que acorda todas as manhãs apenas com o pensamento de prejudicar o seu filho. Incutem nos seus filhos que o desporto é um momento de guerra, são todos inimigos, os adversários, os árbitros e às vezes até os próprios colegas e treinadores.
O que estes pais não percebem, ou não querem perceber, é que os seus filhos não possuem um grau de maturidade que lhes permita alhear dos comportamentos do pai e desta forma, aquela criança nunca terá uma evolução na sua plenitude. Em casos extremos as crianças acabam por abandonar o desporto, isto porque acumulam ao longo de anos a frustração de não corresponder às expectativas desmesuradas dos seus pais. A presença dos pais devia ser um momento de comunhão, de alegria e prazer de partilhar uma paixão com os seus amigos e com os pais a observar.
Todos os clubes deviam ter uma Super Nanny. Sempre que os pais não tivessem uma atitude positiva nos treinos/jogos, independentemente do resultado ou rendimento do seu filho, iam para o tapete da vergonha, sentados e virados para uma parede. Sempre que um pai troque o encorajamento à sua equipa pelo insulto ao adversário ou ao árbitro devia ser levado pelas orelhas para fora de um recinto desportivo. Sempre que um pai contrariar a indicação ou decisão de um treinador, a Super Nanny fazia um exercício de respiração com esse pai para oxigenar o cérebro e deixar de lado a estupidez.
Na minha opinião, os clubes deviam ter coragem de tomar atitudes firmes perante estes comportamentos. Por exemplo quando os pais de um determinado escalão começam a ser um problema, fazer um jogo à porta fechada para passar a mensagem.
Tem que ser claro nas cabeças dos pais que estão a envergonhar/prejudicar os seus filhos, quando tomam este tipo de comportamentos. Existe sempre local e horário apropriado para fazer ouvir as vossas preocupações, respeitem esse espaço!
E lembrem-se “As crianças têm mais necessidade de modelos do que criticas” (Joseph Joubert)
Saudações Desportivas
Vitor Moreira – Treinador UEFA A + Elite Youth