Tu foste e o tempo passou,
Tu foste e tu não voltaste,
Tu foste e o amargo dos olhos não passava,
Decidi mudar de via
Para conseguir diluir o quanto sentia.
Para isso,
Troquei os quadros da parede
Troquei os pratos onde comíamos
Troquei a razão e muitas outras coisas
Só não consegui trocar
A cama que era de nós os dois.
Tinha de olhar em frente, mas para isso,
Carecia de limpar a mente
De um passado presente,
De uma verdade omitida,
De um todo que quero uno.
Eu sei que me olhas
Mas eu, eu não te vejo, mas sinto-te
Nesse infinito mar de estrelas,
Nesse universo fechado ao meu querer.
Mas, aberto ao meu coração
Repleto de liberdade quando em ti penso.
Agora,
Concebo fantasias matizais,
Sem segredos, nem desilusões.
Agora,
Assinto que a alegria do passado
Viaje no oculto ar que respiro,
Consinto ao imaginário ser dono de mim,
Volatilizo o teu perfume para sentir o teu aroma.
Agora,
Sobrevivo num vento de emoções
Que flutuam num presente verídico,
Onde a ilusão já não caminha
Por ter em mim a consciência da veracidade dos factos.
Agora,
É-me possível dormir um longo sono,
É-me possível viver a luz do dia.
Agora,
Depois da batalha travada com a tempestade da saudade,
Já não temo o lado obscuro do futuro.
Agora,
Tenho-te em mim, guardada a sete chaves,
Onde tudo e todos podem entrar,
Porém, tenho a certeza,
Que de lá nunca ninguém te poderá tirar.
Paulo Semide – Poeta
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