Será através da televisão que o Governo fará o ensino à distância chegar a um maior número de alunos, numa altura em que se torna claro que as aulas presenciais vão continuar suspensas durante o 3.º período por causa da pandemia de covid-19.
A nova Telescola vai destinar-se aos alunos do ensino básico, ou seja, até ao 9º ano. De fora fica o ensino secundário, para o qual na próxima semana serão anunciadas medidas específicas, sobretudo para os alunos do 11º e 12º ano, que têm exames nacionais agendados para a segunda metade de Junho.
Apesar das inevitáveis comparações, o Governo quer afastar-se do nome Telescola, até porque o conceito que agora é proposto será completamente diferente do que existiu nos anos 1960 e 70.
Por que a televisão?
Segundo o Governo, a ideia é leccionar o último período através de um ou mais canais de acesso universal da RTP, isto é, que estão na TDT (Televisão Digital Terrestre) e outras plataformas da televisão pública, que independem de ter um computador, acesso a internet e são gratuitas. Com aulas diárias de segunda a sexta-feira, como na escola. O início previsto é 13 de Abril, depois do período de férias de duas semanas que coincidem com o feriado religioso da Páscoa.
Os conteúdos disponibilizados na televisão vão ser apresentados pelo Ministério da Educação como complementares ao acompanhamento que se pretende que os professores continuem a fazer à distância, como nas duas últimas semanas do 2º período. Ministério da Educação e RTP estão a estudar soluções para que não haja sobreposições de programação para as famílias que têm mais do que um filho.
Na TDT, a RTP tem quatro canais (1, 2, 3, e Memória; a que se somam os canais regionais dos Açores e Madeira, com emissão nas respectivas regiões autónomas). Tendo em conta a natureza de cada um, a maior facilidade em libertar faixas horárias estará na RTP2 (que já tem dois blocos horários com programação infantil) e na RTP Memória. Depois, há também a plataforma digital RTP Play, onde podem ser vistos conteúdos já emitidos em antena ou outros exclusivamente para este serviço. Porém, poderá haver ainda uma outra solução na TDT, mas implica negociar com a Altice: para além dos canais da RTP, da SIC, TVI e ARTV, a plataforma da televisão digital tem ainda espaço para mais dois canais, mas o seu uso para a telescola implica um processo mais demorado.
Aulas não devem regressar
A substituição das salas de aulas pelas salas de estar no dia-a-dia dos estudantes está para durar. É essa a convicção dos especialistas da rede europeia Eurydice que, num relatório divulgado esta semana, antecipam que a generalidade dos alunos do continente europeu não deverá voltar às escolas até ao final deste ano lectivo.
A maioria dos países decidiu reavaliar a situação a cada duas semanas, tal como Portugal. Por isso, o regresso às aulas está ainda previsto para 13 de Abril, data de regresso das férias da Primavera, em Portugal conhecidas como férias da Páscoa. Mas, tal como é admitido pelas autoridades nacionais, também os restantes governos europeus devem decidir renovar esse prazo, antecipa a Eurydice.
A maioria dos sistemas educativos europeus fechou as suas escolas até 16 de Março, data em que também entrou em vigor a suspensão das aulas presenciais em Portugal. O último país a anunciar medidas deste tipo foi o Reino Unido, onde todas as escolas fecharam as portas a 20 de Março. De acordo com esta rede europeia “todos os países europeus estão a organizar aulas à distância”.