As empresas privadas de autocarros queixam-se de ainda não terem recebido um único euro dos descontos dados este ano, estando assim a assumir toda a despesa que deveria estar do lado do Estado. Aplaudem a nova medida, mas ameaçam não aderir por quererem receber a tempo e horas.
A Associação Nacional de Transportes Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP) queixa-se de que tem vindo a assumir a despesa associada aos descontos implementados este ano para os passes das famílias carenciadas e dos estudantes, uma despesa que deveria ser inteiramente do Estado. Por esse motivo, ameaça não aderir aos novos passes.
Segundo a TSF, A Associação acusa o Governo de dever a estas empresas cerca de oito milhões de euros pelos descontos aplicados de janeiro a setembro deste ano nos passes da famílias carenciadas e estudantes.
O presidente da ANTROP, Cabaço Martins, garante que as empresas ainda não receberam dinheiro nenhum, estando assim a assumir uma despesa do Estado. Embora aponte que os atrasos nos pagamentos são normais, e que a resolução do Conselho de Ministros que autoriza as Finanças a liquidar a despesa até costuma acontecer a meio do ano, frisa que não é isso que está a acontecer este ano.
“É simplesmente uma autorização, uma questão burocrática, para pagar aos operadores de transporte privados pois a verba já está cabimentada no Orçamento”, refere o representante à TSF.
Desta forma, se a verba relativa à despesa com os anteriores descontos não for disponibilizada, as empresas de transportes de passageiros ameaçam não vir a aderir aos novos passes anunciados esta quarta-feira para as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
Na prática, a medida anunciada diz que as famílias residentes nestas duas cidades do país vão ter direito a vários benefícios já a partir do próximo ano, como a criação do passe-família que está em preparação no âmbito do Orçamento do Estado.
Assim, as famílias de Lisboa e do Porto vão pagar, a partir do próximo ano, no máximo dois passes para circularem nos transportes públicos. O passe mensal custará, no máximo, 40 euros e as crianças até aos 12 anos passam a viajar de graça.
“Estamos a falar de montantes ainda mais elevados pelo que não será possível continuar com o mesmo sistema”, aponta Cabaço Martins, adiantando que se o sistema não for alterado, esta nova medida fica comprometida. “Estamos a falar de um princípio banal” de pagar a tempo e horas.
Fonte: ZAP