As centenas de escutas telefónicas ao deputado social-democrata Sérgio Azevedo, realizadas no âmbito da operação “Tutti Frutti”, revelam que deputados do PSD e do PS recorriam com regularidade a “esquemas” para cobrar viagens não realizadas e registar falsas presenças no Parlamento.
Segundo revela semanário Sol na sua edição deste sábado, as investigações da operação “Tutti Frutti” reuniu escutas de conversas do deputado Sérgio Azevedo com outros deputados, nas quais se torna evidente a existência de “esquemas” de falsas presenças e de falsas moradas de residência no Parlamento.
A Operação “Tutti Frutti”, recorda o jornal, apura alegados favorecimentos a militantes partidários através de avenças e ajustes directos, e no âmbito das investigações em curso foram recolhidas cerca de 550 escutas do deputado social-democrata.
Nestas escutas fica claro, diz o Sol, que parlamentares do PSD e do PS recorrem com frequência a “esquemas” de falsas presenças e recebem pagamentos indevidos, incluindo ajudas de custo para deslocações com falsas moradas de residência.
A notícia surge após a polémica das últimas semanas com o caso de José Silvano, que terá cedido a sua password de acesso ao sistema informático do parlamento à sua colega de bancada Emília Cerqueira, que assumiu publicamente ter registado “inadvertidamente” a presença de Silvano no hemiciclo.
Questionado sobre o uso da sua password para registar presenças em plenário em dias em que esteve ausente, José Silvano afirmou “não ter mais nada a explicar” e disse estar “de consciência tranquila. Em comunicado, o deputado social-democrata tinha realçado que há “uma prática parlamentar que permite conciliar a atividade política intensa dos dirigentes nacionais dos partidos políticos”.
Após o MP público ter aberto inquérito ao caso, seguiu-se a revelação de diversos outros casos de presenças-fantasma no Parlamento, entre os quais os de José Matos Rosa, Duarte Marques e Manuela Tender, todos do PSD, que terão registado a sua presença no plenário da Assembleia da República em ocasiões em que estariam ausentes.
A estes casos juntou-se entretanto o do “voto-fantasma” de Barreiras Duarte na sessão de votação na generalidade do Orçamento do Estado para 2019.
No fim do mês passado, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues , convocou os partidos para debater os casos de passwords e de reembolsos indevidos das viagens dos deputados.
A reunião dos presidentes das várias bancadas partidárias destinou-se a “avaliar diversas questões de funcionamento e organização internos” do parlamento, nomeadamente o “registo de presenças em sessões plenárias” e “as deslocações dos deputados”.
Em abril, o jornal Expresso revelou que pelo menos sete deputados do PS, PSD e Bloco de Esquerda estão a receber uma compensação do Parlamento por deslocações semanais, acumulando-a com o reembolso parcial do custo da viagem a que têm direito enquanto residentes nas ilhas.
Dos 12 deputados das ilhas, pelo menos 7 estão a pedir de de volta ao Estado o reembolso de dinheiro que não gastaram, recorrendo ao subsídio de insularidade para residentes nas ilhas.
Fonte: ZAP