Adolfo García-Sastre é professor catedrático de medicina e microbiologia num dos melhores hospitais do mundo, o Mount Sinai, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. O especialista acredita que vão existir mais surtos da doença mesmo depois da vacina ser descoberta. Alerta ainda que os casos a nível mundial devem ser dez vezes mais do que aqueles oficialmente reportados.
“Erradicar o vírus é impossível. Teria de haver uma vacina muito boa e uma vacinação em massa, em todo o mundo. E isso é muito difícil de implementar. Lutamos há décadas para erradicar o sarampo e a poliomielite, doenças para as quais existem vacinas, e não conseguimos. Infelizmente, mesmo que tenhamos uma vacina, não poderemos erradicá-lo. O que será possível é que o vírus circule em grupos de menor risco, os mais jovens, pessoas que nasçam depois desta pandemia. Com a gripe pandémica isso leva cerca de um ano e, geralmente, são necessárias duas ondas, às vezes três. Acredito que haverá duas ondas, talvez três. Daqui a um ano, mesmo que não haja vacina, 40% a 50% da população mundial terá sido infetada, o que dará lugar a que o vírus refreie a sua propagação. Tudo depende do número de infetados em cada onda. Quanto mais gente for contagiada na primeira, haverá menos na segunda e vice-versa”, explicou.