O filósofo e psicólogo Dinis Portugal foi o convidado do mesa filosófica de 7 de Agosto e discorreu com Fabiano de Abreu sobre o medo e seus desdobramentos. Durante o programa, o anfitrião trouxe esta questão com reflexões acerca da existência do medo e de soluções possíveis para utilizá-lo ao seu favor.
Fabiano abriu o programa com uma de suas frases filosóficas onde afirma que a razão é a solução para combater o sentimento de impotência e inércia causado pelo medo: “se existe a inteligência emocional então podemos combater o medo utilizando a razão, que prevalece sobre a razão”.
O Dr. Dinis Portugal acrescentou a revelação de que o medo é algo inerente ao ser humano, mas é um sentimento gerenciável e que pode até mesmo ser favorável: “o medo é um sentimento primário, obrigatório. Uma das coisas que nos tem afectado profundamente é quando queremos ensinar às pessoas que se pode perder o medo. É impossível perder o medo, ele está enraizado, ele mantém-nos alerta, nos avisa, faz parte dos nossos instintos. A inteligência emocional tem a ver com a gestão dos nossos sentimentos, incluso o medo. É possível gerir o medo a nosso favor.

O medo nos impede de morrer
Dinis Portugal trouxe à mesa duas situações que mostram como o medo pode ser usado de formas diferentes: “Quando eu tenho medo de falhar eu não faço, recuso-me a fazer. Outra coisa completamente diferente é, pelo facto de ter medo de falhar, eu preocupo-me em estar bem preparado para aquilo que pretendo fazer, a tornar-me melhor para o que vou fazer, para fazer o que preciso fazer da forma mais perfeita possível, e me preparar para o dia a dia e suas vicissitudes. O que acontece é que as pessoas estão a ser induzidas a erro. Então o que dizem automaticamente é que eu posso perder o medo. Mas se formos à essência do ser humano vemos que, se o perdemos, morremos”.
Já Fabiano de Abreu acrescentou uma experiência pessoal de como combateu seus próprios medos em prol de uma melhor qualidade de vida quando era jovem: “eu era uma criança muito envergonhada e não falava com ninguém. Os anos passavam e eu me escondia, eu não falava com pessoas. Eu percebi então que isto iria me prejudicar e decidi perder o medo de falar com as pessoas. A vida humana é muito curta, então eu não posso me prender ao medo, preciso conquistar as coisas e aproveitar melhor a vida, já que a morte existe”.

Tipos de medo
O filósofo Dinis Portugal expôs que existem muitos tipos de medo, e que cada um pode expressar-se de uma maneira distinta: “Através da inteligência emocional podemos gerir o medo dentro de nós e utilizá-lo ao nosso favor. Existem pelo menos 5 tipos de medo primários. Quanto temos medo da morte, que não é a mesma coisa que ter medo de morrer, é algo futurista, uma antecipação de algo que sabemos que é certo, que vai acontecer. É por isso que vamos ao ginásio, que deixamos de fumar, com o objectivo de evitar a morte, retardar a vinda da morte. Alguns no entanto não têm esse medo, e até podem utilizar o comer, beber e fumar como um refúgio. Agora, falando no medo imediato, que me impede de fazer o que eu deveria fazer para alcançar os meus sonhos na vida. A vertigem é um medo imediato, por exemplo. Se este medo for bem gerido, ela não irá cair no precipício, não vai morrer, porque vai ter cuidado para não se chegar à beira do precipício. Há o medo do abandono, o medo social, o medo de fazer algo e ser negativamente reconhecido, derivado da falta de autoconfiança e do amor próprio”.
Assista ao mesa filosófica com Fabiano de Abreu e Dinis Portugal no Novum Canal em novumcanal.pt , no canal 38 do Smart TV ou através dos links abaixo: