O herói de guerra Casimir Pulaski, que foi distinguido por George Washington pelo seu papel na luta pela independência dos EUA, pode, afinal, ter sido uma mulher ou intersexo, ou seja, uma pessoa que não encaixa nas definições típicas de nenhum dos sexos.
Esta conclusão surge depois de análises de ADN efectuadas aos ossos de Casimir Pulaski, general que lutou ao lado de George Washington pela independência dos EUA e cujo esqueleto foi retirado do monumento em sua homenagem em Savannah, na Geórgia.
Investigadores da Universidade do Sul da Geórgia detectaram que a sua estrutura óssea é demasiado delicada para ser de um homem, como explica a professora de antropologia Virginia Hutton Estabrook, que participou na pesquisa, em declarações divulgadas pela NBC News.
“Uma das formas em que os esqueletos de mulheres e homens são diferentes é na pélvis”, esclarece Estabrook. “Nas mulheres, a cavidade pélvica tem uma forma mais oval” e “é menos em forma de coração do que a pélvis dos homens”, acrescenta.
Ora, “Pulaski parecia muito mulher”, constata a investigadora, referindo que “a estrutura facial e ângulo da mandíbula eram decididamente do sexo feminino”.
A análise ao esqueleto detectou também extensa actividade de equitação e uma ferida de batalha na mão direita que está registada nos arquivos históricos.
Esta suspeita antiga em torno de Pulaski, que tinha baixa estatura e que nunca casou, é abordada num documentário do Canal Smithsonian intitulado “Era o General uma mulher? (“The General Was Female?” na versão original em Inglês). Aí se explica como os investigadores fundamentam a suspeita com a confirmação do ADN dos ossos de Pulaski através da comparação com uma filha de um sobrinha do general.
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“O que sabemos de Pulaski é que havia andrógenos (hormonas masculinos) suficientes a acontecer no corpo para que tivesse pêlos faciais e calvície de padrão masculino“, constata Estabrook.
“Obviamente, havia algum desenvolvimento genital porque temos os seus registos de baptismo e foi baptizado como um filho”, diz ainda a investigadora.
“Um líder carismático”
Pulaski nasceu em 1745 na Polónia, no seio de uma família da nobreza. Era um oficial de cavalaria dotado e lutou contra os russos quando tentaram conquistar a Polónia. Depois foi obrigado a fugir para Paris quando se descobriu que fez parte de uma conspiração para matar um rei fantoche que os russos impuseram à Polónia.
E foi em Paris, que ele conheceu Benjamin Franklin, o inventor famoso por descobertas na área da electricidade que é considerado um dos pais dos EUA, por ter participado no movimento de independência do país.
Foi Franklin quem convenceu Pulaski a juntar-se aos rebeldes americanos que lutaram pela independência ao lado de George Washington, que viria a ser o primeiro presidente dos EUA.
Pulaski teve um papel decisivo na Batalha de Brandywine, em 1777, quando ajudou a evitar que as tropas britânicas capturassem Washington. Foi promovido por George Washington pela sua valentia e desempenhou um cargo relevante na preparação da cavalaria americana, apesar de mal falar Inglês.
Era “um líder carismático”, sublinha Estabrook, salientando que “as pessoas pareciam sentir-se atraídas por ele e dispostas a darem-lhe poder”. “As suas cartas revelam que pessoas no Congresso estavam irritadas com ele por ser muito exigente”, “mas pareciam respeitá-lo”, diz, concluindo que “havia, claramente, algum brilho e coragem nele a que as pessoas respondiam”.
Pulaski morreu em 1779, com 34 anos de idade, depois de ter sido ferido enquanto liderava uma divisão de cavalaria numa batalha em Savannah.
Ficou conhecido como “o pai da cavalaria americana” e, actualmente, ainda há várias escolas e ruas dos EUA com o seu nome, bem como um Dia de Parada que lhe é dedicado e que se realiza todos os anos, desde 1937, em Nova Iorque.
SV, ZAP //