Marcos Santos / USP Imagens
O braço-de-ferro entre professores e Governo continua e parece não abrandar. A greve, em marcha desde o início do mês, afetou cerca de 8 mil reuniões de conselho de turma. Um quarto dos alunos fez exame nacional sem saber as notas internas atribuídas.
De acordo com dados do Diário de Notícias baseados em balanços dos Sindicatos, foram adiados 7997 conselhos de turma em três dias e meio, afetando 160 mil alunos.
A greve às avaliações, convocada pela generalidade dos sindicatos dos professores, obrigou as escolas a cancelarem cerca de 8 mil reuniões, entre segunda-feira e o meio dia desta quinta-feira. Estimando uma média de 20 alunos por cada turma, o jornal avançou que quase 160 mil estudantes tenham sido afetados.
De acordo com estes dados, só na segunda-feira, foram canceladas 1980 reuniões, sendo a Zona Norte a mais afetada com 799 cancelamentos. Seguiu-se a zona Centro (600) e da Grande Lisboa (391).
No dia seguinte, o impacto foi superior, contabilizando 2674 reuniões por realizar. A Grande Lisboa foi a que contou mais cancelamentos (996), seguindo-se a Região Centro (668) e o Norte (521). Na quarta-feira, a tendência manteve-se com 2082 conselhos de turma cancelados.
Já na Madeira, os sindicatos desconvocaram a paralisação, por terem sido chamados pelo governo regional para negociar a reposição do tempo de serviço. Em sentido oposto, nos Açores, a greve está em marcha. Segundo o DN, não existem dados para segunda-feira mas, nos restantes dias, foram contabilizadas mais de 200 reuniões adiadas.
Também na zona Sul do país, que engloba o Alentejo e o Algarve, foram adiadas mais de 800 reuniões até ao meio dia de ontem.
Segundo os Sindicatos, foram adiadas em média mais de 95% das reuniões. Questionado por escrito pelo Diário de Notícias, o Ministério da Educação não avançou, até ao momento, com números próprios.
Um quarto dos alunos foi a exame sem avaliação interna
Também o Público avançou nesta sexta-feira mais dados sobre a paralisação dos professores. Segundo o jornal, entre os 160 mil alunos que vão a exame, 36.700 ainda não sabem quais serão as notas atribuídas pelos professores.
A estimativa, realizada segundo dados enviados ao jornal pelo Ministério, mostra que 23% dos alunos que fizeram ou ainda vão fazer exames não têm notas atribuídas.
O Ministério da Educação permitiu que todos os alunos realizassem os exames de forma condicional, ficando depois dependentes das avaliações internas que serão posteriormente atribuídas.
Para os alunos que tenham ido a exame e acabarem por ter uma avaliação interna negativa, contará apenas a classificação do exame, tanto para efeitos de conclusão da disciplina em causa, como para efeitos de candidatura ao ensino superior, confirmou ontem o Ministério da Educação ao jornal Público.
João Costa explicou que, tal como aconteceu em 2013, serão aplicadas as mesmas regras dos alunos auto-propostos. Este alunos que, por exemplo, não frequentaram a escola mas que querem fazer exames nacionais ou que, estando matriculados, tiveram negativa a uma determinada disciplina.
Acesso ao Ensino Superior pode sofrer atrasos
A greve que decorre há quase um mês pode também afetar o calendário de acesso ao Ensino Superior. O secretário de Estado da Educação, João Costa, admitiu hoje em declarações à TSF, essa possibilidade, explicando que foi por esse mesmo motivo que o Ministério decretou serviços mínimos.
“Não pode haver publicação de notas de exame sem as notas internas estarem lançadas. O que mostra que aquelas declarações que foram produzidas a dizer que o ministério está a desconsiderar as notas internas não passam de um disparate”, afirmou João Costa.
Questionado sobre se o acesso ao Superior pode ser condicionado por falta de atribuição de notas internas, o ministro respondeu que “Pode. E por isso mesmo pedimos serviços mínimos. Não apenas ao ensino superior nacional mas também para todos os alunos que se candidatam a universidades no estrangeiro”
O governante disse ainda que com esta greve é a “continuidade dos estudos dos alunos que está a ser posta em causa“. Apesar disso, João Costa garantiu que o governo não está a equacionar adiar o calendário de acesso ao ensino Superior.
“Para nós, não está em cima da mesa qualquer adiamento do calendário de acesso ao Ensino Superior”, reiterou.
A greve dos professores às reuniões de avaliação começou nesta segunda-feira, no mesmo dia em que arrancaram os exames nacionais, podendo demorar um mês.
O Ministério da Educação quer decretar serviços mínimos para a greve. A situação vai ser decidida em colégio arbitral, pois sindicatos e Ministério não chegaram a acordo sobre estes serviços.
Fonte: ZAP