O número de trabalhadores portugueses com horário de trabalho “atípicos” não pára de crescer. No final do ano passado, 752 mil pessoas trabalhavam por turnos em Portugal – cerca de 16% de toda a população empregada.
De acordo com o Diário de Notícias, este valor indica que existem mais 151 mil pessoas a trabalhar por turnos em Portugal do que em 2011, ano de chegada da troika – um aumento de mais de 25%. Paralelamente, quase meio milhão fazia horário noturno, dois milhões trabalhavam aos sábados e um milhão aos domingos.
Dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que o fenómeno continua a crescer: no final de junho deste ano, havia mais de 761 mil pessoas a trabalhar por turnos.
Ao contrário do que alegava o FMI, que afirmava que Portugal tinha uma grande rigidez de horários no mercado laboral, estes dados apontam que há flexibilidade por parte dos trabalhadores para fazer horário diferentes, incluindo também noites e feriados.
“A flexibilidade do mercado laboral português é elevada e os próprios empresários dizem que essa não é uma das variáveis mais importantes”, sublinhou o economista Francisco Madelino, em declarações ao DN.
O antigo presidente do Instituto do Emprego e Formação Profissional lembra que os setores do turismo e da metalomecânica – indústrias que mais têm contribuído para o crescimento económico – são exemplos de atividades onde o trabalho por turnos é essencial.
“É cada vez mais importante. Tem que ver com a capacidade das empresas de responder à procura e responder em 24 horas é fundamental”, acrescentou.
Madelino alertou, no entanto, que flexibilidade não significa precariedade. “Não podemos dizer que isso [precariedade] se verifica. A maior precariedade é estar desempregado, mas estas matérias implicam, quer nas políticas públicas quer na contratação coletiva, a compatibilidade entre o trabalho e a vida familiar”.
“Não é tanto a questão da precariedade dos vínculos, mas sobretudo a forma como as pessoas estão no mercado de trabalho e como podem compatibilizar com a família. É um dossiê importante”, rematou o antigo presidente do IEFP.
Fonte: ZAP