“É uma vergonha o que se está a fazer”, denuncia o presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, revelando que vários hospitais do país estão a adiar exames ao cólon e ao reto a doentes em tratamento oncológico para darem prioridade a colonoscopias de prevenção e de rastreio do cancro.
A denúncia do presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), Luís Tomé, é divulgada pelo Expresso e dá conta de que os hospitais públicos estão a deixar os seus pacientes em lista de espera para darem prioridade a colonoscopias de rastreio, de modo a obterem mais lucro, já que estes exames são pagos a dobrar pelo Ministério da Saúde.
Uma colonoscopia regular é paga a 169 euros, o mesmo valor que recebem os privados com acordo com o Estado, mas quando é feita para prevenção e detecção precoce de lesões cancerígenas é paga a 378 euros, aponta o semanário.
A diferença de pagamento “visa aumentar a adesão das equipas a uma tarefa extra e está a surtir efeito”, nota o Expresso, sublinhando que estes exames preventivos chegam a ser feitos ao sábado nalguns hospitais.
“É uma vergonha o que se está a fazer”, critica Luís Tomé. “Se tivéssemos capacidade instalada nos hospitais não teria problema algum, mas faltam anestesistas, colonoscópios, o material não é renovado”, lamenta o presidente da SPG, falando de “uma política desastrosa, com um enorme desperdício de dinheiro“.
As Administrações Regionais de Saúde (ARS) justificam a medida com a importância do rastreio nos casos de cancro. “É fundamental para reduzir a mortalidade e morbilidade por cancro do cólon e reto, doença que ainda está numa fase ascendente”, aponta fonte da ARS de Lisboa citada pelo Expresso.
Mas para Luís Tomé “querer fazer estas colonoscopias nos hospitais públicos é um preconceito ideológico“. “Os consultórios cobram menos e até têm mais qualidade”, refere este responsável, notando que “os médicos são os mesmos que trabalham nos hospitais, que têm obrigação de formar e que põem os internos a fazer as colonoscopias”.
Fonte: ZAP