Muitas são as áreas da economia a ser gravemente afetadas pela pandemia de covid-19. A indústria da moda não foge à tendência e já são muitos os líderes de grandes marcas a “declarar morte” à moda tal como a conhecemos.
Pedidos de clientes e atrasos na produção ou canais de vendas confiáveis a desaparecer. Estes são alguns dos problemas que começam a surgir, e que podem contribuir para que a indústria da moda fique irreconhecível até ao fim da pandemia do coronavírus.
Esta semana, marcas como a Ralph Lauren, Michael Kors, e Jimmy Choo apresentaram quedas abruptas nas vendas do último trimestre. De acordo com o Bussiness Insider, a americana Ralph Lauren registou uma queda de 57% nas vendas, assumindo que estava a reavaliar o seu império — marcas, imóveis, e estrutura corporativa.
Enquanto isso também as receitas da Capri Holdings Limited caíram 66,5%. A empresa é um grupo de moda de luxo que detém grandes marcas como a Versace.
Os resultados pouco satisfatórios são consequência do fecho de grande parte das lojas em todo o mundo, e da quebra no turismo, que suportava uma grande fatia das receitas das marcas. Muitos especialistas afirmam que a pandemia forçou um novo recomeço, o que deixou a indústria da moda na corda bamba e sem conseguir prever o que se avizinhava.
Em abril, Marc Jacobs já previa a conjuntura futura. Durante a Global Conversations da Vogue, o conceituado designer americano já se mostrava preocupado. “As roupas que faço e a maneira como as apresento num desfile nunca mais serão as mesmas”, explicou.
No entanto, num artigo para o New York Times, a jormalista Irina Aleksander não descreve a pandemia como o principal problema da queda da indústria da moda. A ascensão das redes sociais, a necessidade de introduzir novidades, e um ciclo de moda acelerado criaram, na sua opinião, a combinação perfeita para a situação atual.
A opinião também é partilhada por Anna Wintour, editora-chefe da Vogue, que considera que nos últimos anos foi criado “um sistema que é irreal, o que aumenta a tensão até mesmo para as maiores marcas”.
A designer belga Diane von Furstenberg dispensou cerca de 300 funcionários e fechou quase todas as lojas nos Estados Unidos. “Não há vergonha em admitir que estamos a passar por problemas, esta situação está a afetar designers em todo o mundo”, admitiu von Furstenberg ao Times, em julho.
A Barneys foi liquidada em fevereiro. Em relação à Neiman Marcus, a empresa entrou com um pedido de concordata para fechar 4 lojas de luxo, e 17 lojas de baixo custo. Já a Lord & Taylor pode fechar todas as suas lojas se não encontrar um comprador.
Também a Nordstrom anunciou que irá fechar todas as luxuosas lojas da Jeffrey, criada por Jeffrey Kalinsky. O fundador da marca americana acredita que “todos nós desempenhamos um papel no meio desta situação”.
Em conversa com a Times, Kallinsky deixou palavras de incentivo ao que está para vir na moda: “Foram as lojas, os clientes e as marcas. Odeio o que está a acontecer no mundo. Mas acho que se há algo bom que pode resultar disto, é a oportunidade de olharmos para nós mesmos”, remata.
Fonte: ZAP