Castelo de Paiva, 6 de Maio – Moradores de longa data do concelho têm expressado preocupação com a crescente dificuldade em garantir vagas para os seus filhos nas creches e escolas públicas da região. Segundo diversos relatos, há uma perceção generalizada de que o aumento da imigração no município tem impacto direto na capacidade de resposta do sistema educativo.
Uma mãe de uma criança com laudo psicológico que por lei deveria garantir prioridade na matrícula afirma não ter conseguido vaga na escola pública local. “Levei todos os documentos exigidos e mesmo assim disseram-me que já não havia lugar. Entretanto, vejo outras crianças, de famílias que chegaram há pouco tempo, a entrarem. Sinto-me excluída no meu próprio concelho.”
Relatos semelhantes foram partilhados por outros pais e encarregados de educação, que referem ter sido informados da falta de vagas, mesmo apresentando os pedidos dentro dos prazos. Um residente em Castelo de Paiva desde o nascimento diz não compreender os critérios usados. “Há cada vez mais famílias estrangeiras a viver aqui. Parece que quem cá está há gerações perdeu prioridade.”
Muitos entrevistados associam a situação ao modelo de escalões de apoio social, que confere prioridade na matrícula a famílias com rendimentos mais baixos. Na prática, consideram que este critério favorece uma parte significativa das famílias imigrantes, enquanto os residentes históricos, mesmo enfrentando dificuldades, ficam para trás.
“Não sou contra quem vem de fora, mas os nossos filhos têm o mesmo direito. Quando vemos repetidamente as mesmas situações a acontecer, começamos a questionar se existe realmente igualdade”, comenta uma avó de uma criança em idade pré-escolar.
Até ao momento, não houve declarações públicas por parte das entidades responsáveis pela gestão da rede escolar local. A ausência de informações oficiais contribui para o clima de insatisfação e incerteza entre os residentes.
A crescente pressão sobre as estruturas educativas de municípios como Castelo de Paiva levanta a necessidade de reavaliação dos critérios de atribuição de vagas e de reforço da capacidade instalada, garantindo que todas as crianças, independentemente da origem, tenham acesso justo e equilibrado ao direito à educação.