José Sócrates esteve a comentar a prisão do antigo presidente do Brasil, Lula da Silva, no Jornal da Noite da TVI, e considerou a sua detenção “um ato de violência política”.
Traçando um paralelismo entre a detenção de Lula da Silva e a sua situação enquanto arguido da Operação Marquês, o ex-primeiro ministro José Sócrates atacou a alegada politização da justiça e acusou a justiça brasileira de “violência política”.
“Aquilo a que assistimos no sábado foi um ato de violência política contra Lula da Silva”, ajuizou o ex-primeiro ministro português, também ele envolvido num processo judicial – a operação Marquês.
A amizade entre José Sócrates e Lula da Silva é já conhecida há algum tempo, assim como a afinidade política entre ambos, recorda o PT jornal. Em defesa do antigo presidente brasileiro, Sócrates frisou que “na verdade, nada disto tem a ver com direito, mas com política, ou melhor dito, com violência política”.
“Duvido muito que, com uma prisão ilegal e inconstitucional, o Brasil não venha a ter de se arrepender de olhar para o seu Estado que meteu na prisão um antigo presidente de forma absolutamente violadora das regras constitucionais“, disse Sócrates, para quem estamos agora num “novo patamar do golpe político” iniciado há dois anos.
O ex-primeiro ministro que figura entre os principais arguidos da Operação Marquês acusa também que “o objetivo do golpe político nunca foi só tirar a Dilma do poder, mas tirar Lula da galeria dos Presidentes. O que a direita política brasileira nunca tolerou foi conviver com a memória do melhor e mais improvável Presidente do Brasil democrático”.
“Há muitos que consideram que a prisão de Lula da Silva é, digamos assim, a segunda parte do golpe parlamentar. Pois eu estou convencido de que é, não só a segunda parte, com um novo patamar do golpe político“, sublinhou, distinguindo as duas fases.
“Se, no primeiro momento podemos dizer que começou a utilização da justiça como instrumento para perseguir um adversário político, uma guerra através da justiça para perseguir um adversário político, com a detenção de Lula não se trata apenas de obter o triunfo sobre o adversário, trata-se de eliminar, aniquilar o adversário, trata-se de o transformar no inimigo absoluto. É isso que tem acontecido no Brasil”, rematou.
Acusado de corrupção na Operação Marquês e envolvido na polémica da licenciatura tirada ao domingo, José Sócrates insinuou um paralelismo com o caso que levou Lula à prisão. “Ele, o atrevido sindicalista sem diploma, só pode ficar para a história como criminoso”, frisou.
Fonte: ZAP