Ontem era cedo, mas amanhã é tarde demais. O ex-líder parlamentar do PSD Luís Montenegro está disponível para disputar a presidência do PSD e quer “eleições já”, afirmou esta quinta-feira uma fonte próxima do antigo deputado.
Luís Montenegro vai mesmo avançar para a liderança do PSD. Além de assumir a disponibilidade para se candidatar, o antigo líder parlamentar vai desafiar diretamente Rui Rio para ir a diretas já, adianta o Observador. Segundo uma fonte próxima, Montenegro dará uma conferência de imprensa esta sexta-feira, às 16h00, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.
Ao que o matutino apurou, o desafio será lançado esta tarde e é bastante claro: marcar as eleições diretas para a liderança do PSD o mais rapidamente possível.
O desafio que colocará a Rui Rio tem como objetivo fazer uma “clarificação política”, adianta fonte próxima de Montenegro. Para isso, o ex-líder parlamentar do PSD vai desafiar Rio a marcar as diretas já “para que o partido escolha a opção mais forte para enfrentar as próximas eleições”.
Isto significa que o atual líder do PSD passa a ter oficialmente um desafiador ainda antes das próximas europeias, marcadas para maio. Ainda assim, pode não ser o único, até porque o antigo assessor político de Passos Coelho e atual deputado Miguel Morgado já veio dizer que está a ponderar entrar na corrida se foram marcadas diretas.
Se Rui Rio aceitar o desafio, os apoiantes de Montenegro acreditam que o processo estará concluído antes de abril, mês em que tem de ser entregue a lista de candidatos às eleições europeias.
Porém, se Rio recusar, um conjunto de líderes distritais já recolheu assinaturas suficientes para convocar um Conselho Nacional extraordinário para censurar a atual direção e abrir caminho para diretas e um congresso.
Convulsão no PSD
Rui Rio tem-se encostado à esquerda, protagonizando uma oposição suave ao Governo de António Costa, e Luís Montenegro quer mudar isso. Com o partido mergulhado numa imensa agitação, Montenegro deverá defender uma oposição vigorosa ao PS e uma maior proximidade ao CDS. Há, inclusivamente, quem fale numa proposta de coligação com o CDS, embora Assunção Cristas já tenha rejeitado esse cenário.
Tudo está em aberto, mas é expectável que Rui Rio rejeite – ou até ignore – o desafio de Montenegro. Desta forma, adianta o Público, a estratégia de encostar a atual liderança do partido à parede pode não resultar, e, nesse caso, serão entregues as assinaturas (mínimo de 33) para convocar um conselho nacional extraordinário, que terá em cima da mesa uma proposta de moção de censura e datas para diretas e congresso.
Os apoiantes de Montenegro defendem um processo rápido. Pedro Pinto, líder da distrital de Lisboa, considera ser possível dar todos estes passos em apenas 45 dias, prazo que é compatível com a entrega de listas às europeias (meados de abril). Ainda que os apoiantes de Montenegro consigam convocar um conselho nacional, não é certo que a moção de censura seja aprovada.
Já os que estão do lado de Rui Rio, consideram a movimentação de Luís Montenegro sem sentido. Por esse motivo, o ex-líder parlamentar terá de explicar por que recuou há um ano e avança agora sem deixar que o mandato de Rio termine.
Na prática, o PSD está fraturado, dividido entre os que querem uma mudança antes das eleições e os que, apesar de criticarem a estratégia de Rio, preferem que este seja sujeito ao teste das urnas.
Fonte: ZAP