Hoje, 13 de junho, é comemorado o dia de Santo António, que é o santo padroeiro da cidade de Lisboa e também conhecido como o santo casamenteiro. Para além da tradição e do âmbito religioso, indícios históricos revelam que Santo António tem ligação com o concelho de Castelo de Paiva, que seus pais viveram no local, membros da família real Portuguesa e alguns de seus descendentes que atualmente vivem no Brasil, tem lugar na genealogia do Santo, nascido Fernando de Bulhões.
O pesquisador Rui Pereira mostra através da árvore genealógica, elaborada com base nos estudos de Mario Gonçalves Pereira, que corroboram a ligação de Santo António com a terra de Payva, assim como sua ascendência nobre, que está de acordo com a tradição oral.
Ainda segundo a tradição, a freguesia de Sobrado em Castelo de Paiva terá sido terra natal dos progenitores de Santo António. Os testemunhos mais antigos da sua existência datam do século XI, sendo considerada uma abadia de apresentação do Marquês de Marialva. Este direito transitou para a Coroa Real e posteriormente, para a Casa de Bragança, situação que se manteve até 1758. A tradição diz que Martim de Bulhões, pai de Santo António, queria conquistar D. Teresa Taveira e para o fazer teve de se submeter a duras provas de costumes medievais, tendo ainda de se defrontar com um pretendente à mão de Teresa, que se chamava Dom Fafes. Consta que este duelo, do qual saiu vencedor Martin de Bulhões, realizou-se no local onde se encontra o Marmoiral da Boavista.
O livro “Santo António de Lisboa” de Mário Gonçalves Pereira lançado pela Chiado Editora, apresenta provas e relatos que conectam os pais de Santo António ao concelho: “os paivenses não querem abandonar, por ténue e muito frágil que seja, o único fio que os prende à sua certeza histórica: os pais de Santo António foram naturais de Castelo de Paiva”, refere o autor.
O livro relata que Vila Gondim e Vila Sobrado, Honras medievais do século XI, foi onde se instalaram Bulhões, ascendentes de Santo António, provenientes de França, através da Galiza, convidados pelo Conde D. Henrique, pai de D. Afonso Henriques, 1.º rei de Portugal.
“Nós de nome Garcia Moniz e minha esposa Elvira fazemos a vós Rei Garcia (filho de Fernando Magno rei de Leão que conquistou Lamego, Viseu e Coimbra aos Mouros) escritura e carta de benefícios de todas as nossas propriedades que temos de avós e de parentes, as quais jazem na terra de Paiva, a vila Gondim e a vila de Sobrado, no Douro, acima do Arda, em Paiva. Quatro anos depois, o Rei Garcia, da Galiza, doa estas mesmas propriedades, (e outras mais, onde inclui as da freguesia de Real, também na terra de Paiva) a D. Afonso Ramires (Adefonso Ramiriz), como recompensa por serviços prestados:“Ego Garsia gratia Dei rex filii Fredenandi imperatoris et Sanctia Regina tibi fidele meo Adefonso Ramiriz…placuit mihi ut facerem a tibi Adefonso Ramiriz textum scripture et kartula firmitatis…de illa parte Dorio villa Gundin, villa Soperato, villa Gelmiriz[2]…villa Rial…(“Diplomata et Chartae”, documento 491 de 1070).
Segundo o autor: “a efeméride do nascimento, em Terra de Paiva dos progenitores desse santo, e dá-la a conhecer ao mundo, com base na descrição genealógica existente dos Bulhões de Santa Cruz das Serradas, que nesta obra se procurou traduzir com igual rigor e o mesmo valor histórico que tal documento representa”.