A cloroquina ou hidroxicloroquina, que é uma variante do mesmo medicamento, usada para o tratamento da malária tem sido considerada como uma esperança no combate ao coronavírus. Mas nem por isso você deve sair de casa para comprar uma caixa se tossir ou tiver febre a partir de agora.
Há pessoas a comprar medicamentos de uso hospitalar para a Covid-19 sem receita médica e esta situação está a preocupar o Infarmed e os especialistas.
A Hidroxicloroquina
A droga tem sido testada nos Estados Unidos como opção para o combate ao coronavírus. Em pronunciamento nesta quinta (19), o presidente americano, Donald Trump, defendeu a opção e disse ter pedido ao FDA, agência responsável pela aprovação de medicamentos nos EUA, que aprovasse rapidamente seu uso contra o novo vírus. Um dos argumentos de Trump é que o medicamento já é usado há 70 anos e, que, portanto, já se conhecem seus efeitos colaterais.
No entanto, o princípio ativo hidroxicloroquina é habitualmente usado para tratar a malária, lúpus ou artrite reumatóide. Está a ser utilizado nos hospitais de modo experimental e sempre em associação com outros fármacos para o novo coronavírus e só pode ser vendido com receita médica. Mas há quem consiga comprá-lo sem prescrição em Portugal.
A compra da hidroxicloroquina fora dos hospitais apenas pode comprometer a sua disponibilidade aos doentes hospitalizados que dele necessitem. Para além disto, segundo Infarmed, o uso sem prescrição deste medicamento pode incorrer em efeitos colaterais graves.
O que já se sabe sobre o uso da hidroxicloroquina
Na semana passada, um artigo escrito por pesquisadores franceses e ainda não publicado em revista científica, ou seja, não revisado por outros cientistas, mostrou resultados positivos sobre o uso do remédio para tratar pacientes da Covid-19. No entanto, segundo especialistas, o estudo apresenta fragilidades do ponto de vista científico, como o número pequeno de pacientes —um grupo de 26 pessoas que tinham a confirmação da Covid-19 receberam a hidroxicloroquina, em alguns casos combinada com o antibiótico azitromicina. Outras 16 pessoas também infetadas formaram o grupo de controle e não receberam a droga. A pesquisa não foi randomizada, o que significa que os dois grupos não eram iguais e comparáveis.
A divulgação dos resultados com o medicamento e o endosso de Trump levaram a uma corrida até as farmácias que fez com que o remédio ficasse indisponível no Brasil e nos Estados Unidos e pacientes que dependem da droga tiveram dificuldade em encontrá-la. A Infarmed apela para que a população portuguesa não tenha o mesmo comportamento.