Na madrugada de 28 de abril de 2025, um apagão sem precedentes deixou Portugal, Espanha e partes da Europa às escuras. Em Castelo de Paiva, o silêncio da energia interrompida trouxe reflexões profundas sobre a nossa dependência da eletricidade e, ao mesmo tempo, revelou a resiliência e a essência solidária que fazem desta terra um lugar especial. O apagão foi mais do que uma falha técnica; foi uma aula sobre a vida e um lembrete do quanto é bom ser paivense.
Uma Sociedade Despreparada
A escuridão revelou fragilidades que muitos preferiam ignorar. Sem eletricidade, as reservas de água esgotaram-se em apenas 11 horas. As despensas, para muitos, não tinham comida suficiente para enfrentar dias de incerteza. A dependência de eletrodomésticos e sistemas modernos ficou escancarada: os painéis solares, embora úteis, mostraram-se limitados, e a ausência de geradores domésticos deixou casas e famílias vulneráveis. O apagão ensinou-nos que, apesar do progresso, não estamos preparados para viver sem energia. É uma lição dura, mas necessária, que nos obriga a repensar a autossuficiência.
Um Regresso ao Passado e um Novo Olhar
Para os mais velhos, o apagão foi quase uma viagem no tempo. Sem luz elétrica, recordaram os dias em que as conversas à lareira e a simplicidade do quotidiano eram a norma. Para os mais novos, habituados às telas e à conectividade constante, foi uma oportunidade de descobrir um mundo diferente. Famílias que, pela correria do dia a dia, raramente se reuniam, voltaram a sentar-se à mesma mesa, a trocar histórias, a rir e a partilhar. Em Castelo de Paiva, as velas e lanternas iluminaram não só as casas, mas também os laços que o ritmo moderno tantas vezes enfraquece.
Dependência e Vulnerabilidade
O apagão também expôs a nossa dependência de sistemas externos. Embora Portugal tenha um enorme potencial energético, a falha na rede elétrica, possivelmente originada em Espanha, mostrou que a nossa autonomia está limitada. A falta de informação clara sobre as causas do problema – se uma falha técnica, um fenómeno atmosférico ou até um ciberataque – deixou-nos vulneráveis e reforçou a necessidade de investir em infraestruturas mais robustas e em comunicação transparente. É um alerta para que, enquanto nação, nos preparemos melhor para o futuro.
O Privilégio de Ser Paivense
Mas, acima de tudo, o apagão mostrou porque é bom viver em Castelo de Paiva. Aqui, o caos que se instala nas grandes cidades parece distante. Enquanto Lisboa, Porto ou Madrid enfrentavam engarrafamentos, filas nos supermercados e uma sensação de desordem, em Paiva o alarido foi menor. A calma das gentes, a proximidade entre vizinhos e a solidariedade natural fizeram a diferença. Quem precisava de ajuda, encontrou-a. Quem tinha algo para partilhar, não hesitou. É esta união que nos define.
Nas cidades maiores, a luz pode voltar mais depressa, mas o caos é mais intenso e os desafios mais complexos. Em Castelo de Paiva, a espera pode ser mais longa, mas a vida continua com uma serenidade que só quem cá vive entende. Somos uma comunidade que enfrenta as adversidades com coragem, mas também com um sorriso.
Olhar para o Futuro
O apagão de 28 de abril não será esquecido. Ensinou-nos a valorizar o que temos, a preparar-nos para o inesperado e a reconhecer a força da nossa comunidade. Ser paivense é saber que, mesmo na escuridão, há luz na solidariedade, na partilha e na simplicidade. É um orgulho que carregamos no peito, uma certeza de que, venha o que vier, aqui sabemos viver – com ou sem energia.
Por um Castelo de Paiva mais forte, mais unido e sempre resiliente.