A cada 11 anos, o Sol expande-se e encolhe cerca de um a dois centímetros. Estes movimentos muito fracos aumentam o raio do Sol apenas 0,00029%.
Na verdade, esta é uma mudança tão pequena que ninguém sabe como é que a equipa de cientistas a conseguiu detetar. Para este feito, os cientistas concentraram-se nos fluxos de plasma que escapam e retornam à superfície solar – fios de gás ionizado altamente energéticos.
Estas ondas de plasma são muito semelhantes às ondas sonoras emitidas por um instrumento musical. Da mesma forma que podemos produzir sons diferentes consoante as notas que tocamos – no caso de um saxofone, dependendo das chaves que pressionamos e da expansão da tubulação – as frequências das ondas de plasma mudam dependendo do tamanho do Sol.
Não é uma tarefa fácil, mas esta alteração pode ser medida com muita precisão. Foram necessários 21 anos de observações através de dois telescópios espaciais da NASA para que esta descoberta fosse alcançada. No fundo, esta espécie de “respiração” da nossa estrela está relacionada com o ciclo solar.
A cada 11 anos, o Sol move-se de um máximo para um mínimo solar.
No máximo, os jatos solares de intensa atividade magnética ocorrem com maior frequência e agrupam-se no equador da estrela. Essas “manchas” solares aumentam a probabilidade de acontecer uma tempestade solar, desde auroras até problemas nas nossas infraestruturas elétricas. Por contraste, no mínimo solar, estas manchas tornam-se muito raras.
Este fenómeno é impulsionado pela atividade magnética que acontece no interior do Sol. As ondas de plasma detetadas pela equipa situam-se abaixo da superfície da estrela – aliás, vários milhões de metros abaixo. Desta forma, os cientistas concluíram que o Sol se expande ligeiramente durante o mínimo solar e contrai durante o máximo.
Mas a equipa não sabe porque é que esta mudança de tamanho acontece. Os cientistas não conseguem apresentar uma teoria capaz de explicar os deslocamentos e relacioná-los com as atividades magnéticas que ocorrem no interior na nossa estrela, apesar de acreditarem que há, de facto, uma ligação.
Esta “respiração” do Sol pode estar relacionada à mudança da orientação dos campos magnéticos que ocorrem durante um ciclo solar, mas ainda não há estudos que comprovem esta ideia.
Esta quase impercetível alteração nas dimensões solares não afeta o clima na Terra. Por cá, podemos continuar descansados: o nosso maior problema continua a ser as alterações climáticas que nós mesmos estamos a causar.