Até 25 de outubro, os visitantes do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso em Amarante têm a oportunidade de visualizar duas obras, de coleção particular, do percursor do modernismo, intituladas “Máscara do Olho Verde” datada por volta de 1915, e “Casa do Ribeiro” uma pintura a óleo, de 1913.
Para José-Augusto França, historiador, sociólogo e crítico de arte português em a “Casa do Ribeiro” – figura entre as obras de referência do artista – Amadeo “(…) usou temas locais, ainda fantasiados cenograficamente, como a Casa de Manhufe, esta com o ar acastelado, a Cozinha de Manhufe, a Casa do Ribeiro e, de certo modo também, a Procissão do Corpus Christi, em Amarante. Se os anos de 1912 e 1913 foram decisivos para o cubismo parisiense, Amadeo estava lá (…)”. Amadeo transpõe para a sua obra a intensidade cromática inspirada na natureza, na terra e nas gentes que o rodeavam.
“Em 1915, as máscaras ora parecem ser inspiradas pela arte negra ora pela oceânica”, referiu o historiador e crítico de arte Rui Mário Gonçalves. Aqui se enquadra a obra “Máscara do Olho Verde”, considerada por Emídio Rosa de Oliveira, fortemente expressionista, revelando “através dos pontos de cor informais combinados com a violência de traçados angulares inspirados pelas máscaras africanas, a proximidade de Amadeo com os expressionistas que trabalham na Alemanha”.
O espaço expositivo do Museu fica, assim, enriquecido com mais duas obras da autoria de Amadeo de Souza-Cardoso, uma valorização que decorre no âmbito do Programa Evocativo do Centenário da sua morte.