Se a proposta da Comissão Europeia for aprovada, cada país decide qual a hora que quer adotar, mas não será possível mudar o regime de acordo com a sazonalidade.
Esta semana, em entrevista à TVI, António Costa defendeu que Portugal deve continuar a ter a hora de verão, salientando o que, até agora, foi expresso pela “entidade competente”, o Observatório Astronómico de Lisboa.
“O que foi expresso até ao momento é o entendimento de que em Portugal devemos manter este regime bi-horário, com hora de verão e hora de inverno. Não vejo razão para que se contrarie a ciência e se faça algo de forma discricionária”, afirmou.
O primeiro-ministro salientou ainda não ser “nem contra, nem a favor” do fim da mudança da hora, mas considerou que “há matérias sobre as quais não vale a pena ter doutrinas políticas”. “Vale a pena seguir o que é a informação da ciência. Se a ciência entende que o regime horário mais adequado é este, quem sou eu para dizer o contrário?”.
No entanto, adianta o Diário de Notícias, se a proposta da Comissão Europeia for aceite – ainda tem de passar pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu – os Estados-Membros deixam de adiantar e atrasar o relógio em 2019.
Caso a diretiva de Bruxelas seja aprovada, cada país decidirá qual o horário que quer adotar – se o de verão, o de inverno, ou até outro -, mas não será possível mudar a hora de acordo com a sazonalidade.
“Está na decisão de cada país escolher a hora legal regular que o País tem. Mas a escolha do país de ter ou não hora de verão não está na sua própria determinação”, diz ao jornal Rui Agostinho, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Em agosto, a Comissão Europeia anunciou que vai propor formalmente o fim da mudança de hora na União Europeia, depois de um inquérito não vinculativo feito a nível comunitário, no qual a grande maioria das respostas (84%) manifestou-se a favor.
Em Portugal, a situação ideal é manter a mudança da hora, de acordo com um estudo elaborado por Rui Agostinho, a pedido do Governo no âmbito da discussão europeia sobre o tema. E vai ser essa a posição que Portugal vai defender perante os Estados-Membros.
“Desaparecendo o horário de verão, escolhe-se um regime para o país, que será constante durante o ano inteiro”, explica Rui Agostinho. Ao longo dos últimos anos, Portugal já teve períodos em que experimentou com a hora UTC e outros com UTC+1. “O ideal é o país ter uma hora que seja próxima da solar“.
Para ser mais adequada, refere o diretor do OAL, deveria ser UTC-30 minutos. “Mas nunca tivemos nenhum Governo que tomasse essa decisão”, até porque, como refere Rui Agostinho, é mais prático para os cidadãos contar horas inteiras quando querem comparar as horas entre países.
De acordo com o documento elaborado pelo OAL, “mantendo a hora UTC todo o ano, ter-se-ia o sol a nascer perto das 05h00 na altura do verão, ou seja, uma madrugada de sol desaproveitada seguida dum final de tarde com menos uma hora de sol, fatores que não são positivos nas atividades da população; mantendo a hora UTC+1 todo o ano, o sol nasceria entre as 08h00 e as 09h00 durante quatro meses do ano, no inverno, com impactos negativos”.
Fonte: ZAP