O ministro da Administração Interna enganou-se nas datas quando acusou a Europa de não responder atempadamente ao pedido de ajuda de Portugal, durante os incêndios de Pedrógão Grande.
A gafe foi cometida por Eduardo Cabrita durante o Fórum Europeu de Protecção Civil, que decorreu em Bruxelas, Bélgica, nesta terça-feira, reporta o Diário de Notícias.
O ministro da Administração Interna tentava reforçar a importância de haver um sistema de protecção civil europeu, queixando-se da “vergonha” dos atrasos na chegada de aviões espanhóis e franceses a Portugal, para ajudar nos fogos de Pedrógão Grande, e notando que Marrocos tinha disponibilizado auxílio mais depressa.
“Pedimos apoio bilateral a Espanha, França e Itália. Mas foi vergonhoso para a Europa. Na primeira semana, o único país que nos ajudou foi Marrocos. Só uma semana depois recebemos apoio dos nossos amigos europeus”, lamentou o governante, citado pelo DN.
Só que, na verdade, França e Espanha foram os primeiros a disponibilizar aviões a Portugal para ajuda no combate aos incêndios.
O jornal repara que, depois de a Autoridade Nacional Portuguesa de Protecção Civil ter activado o Mecanismo de Protecção Civil da União Europeia, França disponibilizou, “em menos de três horas”, dois Canadair e um avião de reconhecimento. Quando estes meios chegaram efectivamente a Portugal, “já dois aviões espanhóis operavam” em Pedrógão Grande. Os aviões disponibilizados por Marrocos chegaram apenas dois dias depois, salienta o DN.
Ministro admite ajustes directos de meios aéreos
Após a sua intervenção no Fórum Europeu de Protecção Civil, o ministro da Administração Interna disse que o Governo português não deixará de recorrer a todos os mecanismos, nomeadamente a contratação imediata por ajuste directo de meios aéreos, caso se verifiquem condições excepcionais antes do Verão.
“O nosso firme compromisso é que se em qualquer momento, mesmo em Março ou Abril, isto é, antes do Verão, tivermos condições excepcionais que o justifiquem, nós não deixaremos de recorrer a todos os mecanismos, designadamente, se for necessária, a contratação imediata por ajuste directo dos meios aéreos”, assumiu Eduardo Cabrita.
O ministro da Administração Interna pronunciava-se sobre o concurso urgente, anunciado a 1 de Março passado, que terá um prazo de 15 dias, para a contratação de 40 meios aéreos de combate a incêndios florestais para 2018 e 2020, num montante total de 48.888.667 euros.
“Não costumo antecipar aquilo que são as incidências de um concurso, eu diria que todas elas são para funcionar este Verão, mas aquilo que tenho dito sempre é que temos trabalhado muito perto com a antecipação de riscos meteorológicos“, realçou o ministro, especificando que o concurso estará “certamente” lançado e com candidaturas durante o mês de Março.
Após intervir no Fórum Europeu de Protecção Civil, o ministro sublinhou que foi o exemplo português que motivou a Comissão Europeia a adoptar, “num tempo recorde”, a proposta de um novo mecanismo europeu de protecção civil, que responda nos incêndios florestais, mas também em riscos de inundação, riscos sísmicos, ou de epidemias.
“A experiência da aposta na prevenção, de colocação de uma cultura de segurança no centro das nossas políticas públicas está a ser acompanhada muito de perto pela Comissão Europeia”, referiu.