Há 11 anos, quatro amigos decidiram percorrer algumas das tascas e cafés mais típicos de Penafiel. A iniciativa repetiu-se no mesmo dia e hora do ano seguinte, mas com um número de participantes bem maior. E, desde então, o Rally das Tascas transformou-se num evento que pretende fomentar a amizade e, simultaneamente, dar a conhecer aos mais jovens – alguns que já chegam de outras paragens – muitos dos espaços históricos da cidade.
Esses pressupostos atraíram, no passado sábado, cerca de 200 raparigas e rapazes que, durante toda a tarde, visitaram, sempre em clima de festa, 19 estabelecimentos. Uns quase centenários, outros mais recentes, mas todos com a vontade de vender o máximo de cerveja e de contribuir para o reforço do sentimento de ‘penafidelidade’.
“Erámos quatro amigos quando isto começou e agora são cerca de 200 pessoas. Queremos que isto fique para a eternidade e que se afirme como uma tradição da cidade”, refere Paulo Neves.
Aquele que é um dos quatro mentores do Rally das Tascas explica que o sucesso da iniciativa assenta numa organização informal, que aposta, essencialmente, numa promoção que passa de boca em boca e que, a cada ano, atrai cada vez mais gente. “As pessoas decoram o dia e hora do início do percurso e, no ano seguinte, comparecem no local de partida. E a maioria traz um amigo”, refere.
Ricardo Ferreira é um dos que faz questão de estar em todas as edições, mesmo estando radicado nos Açores. “Venho quase de propósito. Gosto do evento e de juntar os amigos”, justifica.
O Rally das Tascas apresenta ainda uma vertente económica importante para a restauração de Penafiel. Embora ninguém consiga concretizar o número de litros de cerveja vendidos em quatro ou cinco horas, todos garantem que são muitas as garrafas vendidas ao balcão, onde o sistema de pagamento por rodadas facilita as contas aos comerciantes.
“Não faço ideia de quantas cervejas são vendidas, depende das pessoas que participarem. Mas todos tiramos proveito disto”, diz José Carlos Pereira, do Café Sociedade.
A tradição de cantar para a “menina” Alice
Dona Alice, com mais de 90 anos, já sabe o que fazer entre as 16:00 e as 17:00 horas de cada 31 de março. Coloca-se à janela do primeiro andar de um dos prédios da Avenida Sacadura Cabral e espera pela chegada da massa humana que, mal a vê, começa, de imediato, a cantarolar o famoso tema “Menina estás à janela”. Emocionada, Alice ouve a cantoria até ao fim e ainda fica para mais um outro cântico menos românico.
No fim, atira beijos e despede-se com acenos plenos de agradecimento enquanto fecha a porta que a devolve ao silêncio do quarto. E a multidão segue, também feliz, para outro café.
O Rally das Tascas também se faz de tradições como esta.
Fonte: A Verdade