O líder da Fenprof acusa o primeiro-ministro de “repugnante oportunismo político” por abrir uma crise política para “estancar a lenta quebra visível em sondagens”.
Na sequência da ameaça de demissão do Governo caso a contagem integral do tempo de serviço seja aprovada no Parlamento, Mário Nogueira queixa-se de “uma desprezível campanha contra profissionais que merecem ser tratados com consideração e respeito”. Esta segunda-feira, num artigo de opinião no Público, o líder da Fenprof afirma que um “Governo que não respeita os professores não tem futuro”.
Nogueira lança as garras ao PS, afirmando que, ao contrário da “negociação séria e transparente” evidenciada nas imagens dos deputados do PSD, CDS, BE e PCP na comissão parlamentar, os socialistas estão antes “acostumados à negociata em esconsos recantos, à farsa e ao recurso à chantagem como ‘estratégia negocial’“.
O secretário-geral da Fenprof aponta o dedo aos socialistas, reiterando que o PS “não tolerou que outros se entendessem” nesta matéria.
“Impregnado do mais repugnante oportunismo político, Governo e PS optaram pela vitimização e, tentando virar os portugueses contra os seus professores, procuram atingir o que não conseguem de outra forma: estancar a lenta quebra visível em sondagens que apontam para uma vitória à ‘poucochinho’; tentar maioria absoluta nas legislativas para retomarem uma governação que os professores nunca esquecerão, pois esteve na origem das suas maiores manifestações de sempre”, escreveu, em referência a José Sócrates.
Para o sindicalista, “os 2 anos, 9 meses e 18 dias a recuperar em 2019, mas apenas pagos em 2020, são os mesmos que o Governo já havia reconhecido, só que sem implicações orçamentais em 2019, ao contrário da solução imposta pelo Governo”.
Os restantes 6,5 anos são os que o Governo estava obrigado a negociar por força de uma norma incluída nos dois últimos Orçamentos do Estado. “Violada a norma, compete ao Parlamento clarificá-la, não deixando margem ao Governo para interpretações criativas no futuro. Os partidos não se substituíram ao Governo, pois deixaram para negociação a recuperação desses 6,5 anos, aclarando as balizas”, acrescenta.
Além de contestar salários, qualificações e progressões, Mário Nogueira contesta ainda outro ponto relacionado com a equidade entre profissões no Estado e a alegada discriminação face a outros grupos profissionais.
“Os partidos limitaram-se a introduzir alterações num diploma legal do Governo (DL 36/2019) que apenas se refere aos professores. Portanto, se alguém se esqueceu de outros foi o Governo, que os deixou de fora para, arrumados os docentes, estender então a farsa negocial aos demais”, conclui o líder da Fenprof.
O texto de opinião assinado por Mário Nogueira surge menos de 24 horas depois do recuo do CDS e PSD na aprovação do diploma de reposição do tempo de serviço aos professores. No entanto, o sindicalista não comentou o recuo dos partidos da direita.
Fonte: ZAP