Em entrevista à SIC nesta segunda-feira, o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes assumiu que o objetivo eleitoral do Aliança, partido que quer constituir, é “lutar para ganhar” ao líder do PS, António Costa.
Uma semana depois de ter começado a recolha de assinaturas para a constituição do partido Aliança, Pedro Santana Lopes assegurou que na fundação deste partido “não quis fazer nenhuma cisão” com o PSD, mas antes tomar “uma decisão”.
“Cá em Portugal, quem está na oposição, tem um temor reverencial com o Dr. António Costa e o que se discute hoje em dia só é a que distância é que os outros partidos ficam do Dr. António Costa. Eu não vim para isso nem vim para obter um dígito”, disse.
“Eu vim para ganhar, para lutar para ganhar ao Dr. António Costa e para a Aliança ganhar ao PS”, assumiu o antigo presidente do PSD em entrevista à SIC. E prosseguiu: “Se os outros não querem ganhar, é lá com eles”.
“É o único ponto em que eu faço minhas as palavras do Dr. António Costa deste fim de semana: ninguém pode estranhar que eu queira ter e que a Aliança queira ter tantos votos quanto possível”, respondeu, quando questionado sobre o que diria, enquanto comentador, dos seus objetivos eleitorais.
Possíveis coligações
Pedro Santana Lopes foi também questionado sobre a sua disponibilidade para “dar a mão” a António Costa com uma eventual coligação pós-eleitoral. O antigo líder do PSD foi perentório e reiterou: “Não. Acho um erro qualquer forma de bloco central“.
“Eu quero trabalhar para construir uma alternativa não em litígio com os partidos de centro-direita, mas construindo, preparando e apresentando propostas”, afirmou, sublinhando que não se tornou “anti-PSD”, apresentando-se como “um social-democrata de inspiração liberal”. Santa Lopes disse ainda, que depois da Aliança, o partido com quem mais se identifica é o PSD.
Ainda sobre as eleições do próximo ano, Santana Lopes vincou que não vai para o Parlamento Europeu e, apesar de o lugar de deputado não o fascinar, admitiu: “Se tiver que ser candidato à Assembleia da República com certeza que serei. E é natural sê-lo tendo responsabilidades cimeiras no partido que vai nascer”.
O candidato que nas últimas eleições internas do PSD (realizadas em janeiro deste ano) perdeu para Rui Rio assumiu que criou o Aliança uma vez que se convenceu que as ideias que defende “não têm eco no PSD”, deixando claro que “o sistema partidário não é um clube fechado” nem tem nenhum cartaz a dizer “proibida a entrada”.
Santana Lopes recusou assim ter traído o PSD, afirmando que foi “muito doloroso” deixar o partido, uma vez que “40 anos não são 40 dias”.
“Acho que o Presidente da República pronunciar-se sobre as evoluções do sistema partidário é, pelo menos, interessante”, respondeu, quando questionado sobre o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a sua saída do PSD.
O Presidente da República disse em 4 de agosto que um partido é como uma família e que de família não se muda. Santana Lopes enfatizou ainda que todo o processo de saída do PSD e criação do Aliança foi feito sozinho porque “não quis fazer dano a ninguém”.
“Não quis colocar o meu antigo partido numa posição desagradável, difícil. Não andei a bater à porta de ninguém a dizer: venham comigo. É uma questão de respeito pelas pessoas”, justificou.
O antigo primeiro-ministro disse ainda que se “conseguir ir buscar [votos] à abstenção e às novas gerações” é “um homem realizado e um homem feliz”, concluindo a entrevista com a seguinte expressão: “Seja bem-vindo quem vier por bem“.
Fonte: ZAP