O preço do petróleo superou ontem a fasquia dos 80 dólares, o valor mais alto dos últimos quatro anos. A subida pode não ficar por aqui.
Só nos últimos 12 meses, o petróleo valorizou cerca de 40% e em 2016 chegou a ser negociado abaixo dos 30 dólares. Desde essa altura que o preço tem subido a pique.
Atualmente, existem muitas entidades do setor petrolífero, entre as quais a Trafigura e a Mercuria, a apostar que o valor do petróleo irá superar os 100 dólares já no início do próximo ano.
Segundo o DN, que cita agências internacionais, os responsáveis por estas entidades afirmaram que as sanções ao petróleo do Irão tornaram a escalada de preços muito provável, admitindo ainda que o valor possa chegar aos 90 dólares no Natal e aos 100 no inicio do próximo ano.
“Estamos à beira de uma instabilidade significativa no quarto trimestre deste ano porque, dependendo da severidade e da duração das sanções ao Irão, o mercado não consegue ter uma resposta adequada do lado da oferta para o desaparecimento de dois milhões de barris diários”, afirmou Daniel Jaeggi, presidente da Mercuria.
Para além das petrolíferas, também bancos de investimento como o Bank of America, indicaram que 2019 será um ano de petróleo caro, estimando cotações acima dos 100 dólares.
A continuação da escalada na subida de preços tem, segundo os analistas, Donald Trump como um dos grandes culpados. Para os analistas, a reintrodução de sanções ao Irão, o quinto maior produtor mundial, fez os preços disparar.
Contudo, o presidente dos Estados Unidos deseja compensar o efeito das limitações impostas ao Irão nos preços.
Antes da reunião deste fim-de-semana entre os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e de outros produtores, Donald Trump utilizou o Twitter para avisar que, caso os preços não diminuíssem, os Estados Unidos da América deixariam de garantir a segurança dos países do Médio Oriente.
A pressão do Presidente americano não é uma novidade. Em abril, Donald Trump conseguiu que a Arábia Saudita produzisse mais petróleo depois de, através do Twitter, falar em “preços artificialmente elevados“.
Looks like OPEC is at it again. With record amounts of Oil all over the place, including the fully loaded ships at sea, Oil prices are artificially Very High! No good and will not be accepted!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 20, 2018
Porém, desta vez a estratégia não surtiu efeito. Riade e os outros produtores não se mostraram disponíveis para aumentar a produção e conter a subida dos preços. Segundo o DN, Khalid al-Falih, ministro saudita da Energia, afirmou que “não influencia os preços” e que o mercado está “adequadamente abastecido”.
No mercado petrolífero, os investidores especulam que esta reação do ministro da Arábia Saudita, demonstra que a OPEP está sem capacidade para aumentar a produção de petróleo a curto prazo.
Por sua vez, a especulação dos investidores levou a que, na bolsa de valores de Wall Street, as apostas na continuação da subida de preços aumentassem mais de 40% nas últimas semanas.
“Continua a ser uma questão em aberto saber quantos mais barris a OPEP e a Rússia podem adicionar ao mercado no curto prazo”, contaram os analistas do RBC Capital Markets num relatório.
Efeitos em Portugal
Economias que importem petróleo – como é o caso de Portugal – podem ser afetadas em grande escala com o aumento exponencial do preço do petróleo. Caso o mercado não tenha capacidade de resposta para enfrentar uma maior procura, isso originará choques na oferta e subidas dos preços.
No Orçamento de Estado português para este ano, o governo de António Costa tem estimado um preço médio de 54,80 dólares para o petróleo e realça que, caso a cotação seja superior a 20% à estimada, o PIB português perderá 0,1 pontos percentuais e a balança comercial iria ressentir-se.
Neste momento, a cotação média anual para o petróleo está cifrada nos 72 dólares, mais de 30% acima da estimativa do governo socialista.
Fonte: ZAP