Miguel A. Lopes / Lusa
Ricardo Robles, vereador do Bloco de Esquerda na Câmara de Lisboa.
O vereador do Bloco de Esquerda Ricardo Robles, que ficou conhecido por se debater contra a especulação imobiliária e o arrendamento local, tem mais dois apartamentos em Lisboa, além do prédio que comprou com a irmã por 374 mil euros e que esteve à venda por 5,7 milhões de euros.
O vereador do Bloco na Câmara de Lisboa que está envolvido em polémica pela potencial mais-valia que pode auferir com um edifício adquirido em 2014, numa zona nobre de Alfama, em Lisboa, tem mais dois apartamentos na capital.
Robles é também dono de um apartamento na rua do Conde de Redondo que está para arrendar por 1300 euros, como confirmou o próprio ao Observador. Foi neste imóvel que residiu até 1 de Maio passado, mudando-se depois para um outro apartamento na zona do Saldanha, que foi comprado “nos últimos meses”, de acordo com o Sol.
A aquisição deste último imóvel, “um apartamento de 85 m2 com cinco divisões, na Avenida Praia da Vitória (zona nobre de Lisboa) cujo valor patrimonial é de 65.700 euros”, como destaca o Sol, obrigou o vereador a corrigir a sua declaração patrimonial no Tribunal Constitucional (TC).
O Sol atesta que neste documento, Robles não declara qualquer empréstimo para a compra do apartamento.
Na mesma declaração enviada ao TC, Robles declara rendimentos de cerca de 21 mil euros por ano e que tem para pagar um empréstimo de 500 mil euros à Caixa Geral de Depósitos, como frisa o Observador.
Prédio de Robles esteve anunciado para alojamento local
Entretanto, o jornal Público apurou que no anúncio de venda do prédio que Robles adquiriu com a irmã em Alfama, referia-se como potencial de investimento o facto de os apartamentos do estarem “prontos para serem utilizados em short term rental“, ou seja, para alojamento local.
O anúncio já foi retirado da Internet, mas o Público frisa que também revelava a “oportunidade única em área turística no coração de Lisboa“.
Mais um dado que vem colocar o vereador em maus lençóis, depois de ter tecido duras críticas ao arrendamento local na cidade de Lisboa, sendo um dos pontos fortes da sua agenda política.
Outro dado a acrescentar à história é divulgado pelo Correio da Manhã que apurou que o Fisco avaliou o prédio em questão como se tivesse “mais de 60 anos“, mesmo após as obras de reabilitação feitas pelo vereador no edifício. Assim, Robles beneficiou de um preço de “saldo” das Finanças, como destaca o jornal.
Robles recusa demissão e diz que foi “exemplar”
O PSD de Lisboa já exigiu a demissão de Robles, acusando-o de “falta de ética, de seriedade e de credibilidade política para permanecer no cargo de vereador na cidade de Lisboa”.
“Bem prega frei Tomás, faz o que ele diz e não o que ele faz”, atira ainda o PSD em comunicado, criticando o que chama de “chocante fraude política” do Bloco de Esquerda. Este partido “manipula os eleitores”, criticando a especulação imobiliária, “quando um dos seus principais eleitos faz negócios milionários à sua custa”, acusa ainda o PSD.
Ricardo Robles já garantiu que não se demite, numa comunicação efectuada na sede do Bloco. “Procedi de forma exemplar”, assegura o vereador, notando que cumpriu a lei e que “não há nada de reprovável” na sua actuação quanto ao prédio em Alfama.
O vereador também explicou que a compra do edifício teve a ver com o desejo da sua irmã de voltar a viver em Lisboa. “O imóvel foi comprado para ser a sua habitação“, diz.
Robles revela ainda que, depois do estalar da polémica, decidiu dividir o imóvel com a irmã e colocar as suas fracções para arrendamento.
Fonte: ZAP