José Sena Goulão / Lusa
Pedro Santana Lopes
O novo partido liberal de Santana Lopes é uma ameaça para o PSD e para o CDS, mas também para o Bloco de Esquerda. A conclusão é de uma sondagem numa altura em que Marques Mendes vaticina que o ex-líder social-democrata tem como sonho regressar ao poder numa “geringonça” de centro-direita.
Depois de Pedro Santana Lopes ter anunciado que vai deixar o PSD e formar um novo partido liberal, Marques Mendes considera que todos vão perder com esta solução. A começar pelo PSD, destaca o comentador no seu habitual espaço na SIC.
“No imediato, perde o PSD“, porque “há 40 anos que não tem uma cisão” e “porque vai perder alguns votos”, perspectiva Marques Mendes. “E, por pouco que seja, é mau para um partido que já só tem 27% nas sondagens”, acrescenta.
“No curto e médio prazo é má para Santana Lopes“, diz ainda o comentador da SIC, frisando que o novo partido não deve ter “grande sucesso”. “Pode tirar alguns votos ao PSD e também ao CDS, mas, no final, vai suscitar mais curiosidade que apoio popular”, constata.
Esta avaliação de Marques Mendes não está muito longe das conclusões que se podem retirar de uma sondagem da Aximage feita para o Jornal de Negócios e que apurou que o partido de Santana Lopes pode tirar eleitores ao PSD e ao CDS, mas também ao Bloco de Esquerda (BE).
Quase um quarto dos inquiridos (24,4%) admite votar no partido de Santana se este se apresentar nas eleições legislativas de 2019. Entre estes potenciais apoiantes, Santana consegue conquistar 37,5% dos eleitores do CDS inquiridos e 27,8% dos participantes do PSD. Mas também um em cada quatro eleitores bloquistas (25,1%) admite votar em Santana, como atesta o Negócios.
Todavia, para já, o partido de Santana tem garantidos apenas 1,9% dos votos, aponta a sondagem da Aximage. Num cenário de votação real, ele poderia assim garantir um lugar no Parlamento, caso mantivesse esta percentagem nas próximas legislativas.
“Quer fazer parte da futura coligação de centro-direita”
Marques Mendes acredita que Santana Lopes almeja regressar ao poder, depois de ter sido primeiro-ministro por muito pouco tempo.
“O grande objectivo é tentar que o seu novo partido venha a fazer parte da futura coligação de centro-direita que há-de, um dia, chegar ao poder”, considera o comentador, notando que Santana pretende que em vez de um Governo PSD/CDS, ele sonha com uma espécie de “geringonça” com PSD, CDS e o seu partido.
A primeira “prioridade” de Santana “vão ser as eleições europeias“, salienta Marques Mendes, notando que o seu partido se deverá apresentar como “muito anti-europeu, muito nacionalista” e “com uma grande dose de populismo”, no sentido de “capitalizar descontentamentos, internos e externos”.
Santana Lopes vai tentar aproveitar nomeadamente o desconforto interno no PSD com a estratégia de Rui Rio. O líder social-democrata já começou a ouvir as primeiras vozes de oposição interna, com Pedro Duarte, ex-líder da Juventude Social-Democrata, a desafiá-lo a deixar a presidência do PSD e a apresentar-se como futuro candidato à liderança.
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Fonte: ZAP