Akiko Iwasaki, investigadora da Universidade de Yale, onde ensina imunologia na Faculdade de Medicina, publicou um artigo sobre a sazonalidade das doenças respiratórias publicado na revista Annual Review of Virology, onde procurou demonstrar a importância da relação entre a temperatura e a humidade do ar na transmissão por via aérea de doenças como a gripe, o que poderá ser relevante também para a covid-19.
Segundo a investigadora e sua equipa, as pessoas que foram infectadas e recuperam desenvolvem, de facto, uma resposta imunitária. A prova disso é que se medirmos os níveis de anticorpos no sangue a maioria tem anticorpos elevados para o coronavírus. Também podemos medir o sangue das pessoas suspeitas de terem tido covid-19 e que recuperaram. Leva cerca de 14 dias a desenvolver uma boa resposta de anticorpos e é melhor esperar esse período para começar a medi-los. Contudo, ainda não se pode garantir que aquele indivíduo esteja totalmente imune ao covid-19 no futuro.
Logo, a reinfecção não somente é possível como já foi observada em alguns casos. Contudo, Iwasaki refere que neste momento é difícil saber se era verdadeiramente uma reinfecção ou alguém que tinha um pequeno reservatório de vírus algures que se tornou activo outra vez: “Não temos actualmente provas muito fortes de que a reinfecção esteja mesmo a acontecer.”
Portugal prepara-se para testar imunidade da população ao coronavírus
Quanto aos “passaportes de imunidade”, como Akiko Iwasaki lhes chamou na conferência — que o Governo português quer implementar para permitir pensar o regresso à normalidade —, a virologista alerta para os riscos: “Podemos medir os anticorpos, mas isso não significa que a pessoa esteja protegida.”