Cada cidadão deverá reduzir em 75% o seu consumo de carne de vaca, 90% de carne de porco, comer metade da quantidade de ovos e triplicar o consumo de sementes e frutos secos.
Segundo um estudo publicado esta quinta-feira na revista Nature, o consumo de carne de vaca teria de descer em 90% nos países ocidentais para que conseguíssemos evitar mudanças muito perigosas no ambiente.
Esta e outras recomendações são de alguns investigadores da Universidade de Oxford, que recomendam a redução drástica do consumo de carne para evitar alterações climáticas com efeitos devastadores.
Ao The Guardian, Marco Springmann, investigador e professor na Universidade de Oxford que liderou a investigação, disse que, atualmente, “estamos mesmo a arriscar a sustentabilidade de todo o sistema. Se estamos interessados em que as pessoas consigam comer e produzir, temos de reduzir o consumo de carne”, alertou.
Desta forma, a solução proposta pelos cientistas passa por diminuir drasticamente o consumo de carne e substituí-la por proteína animal, optando assim pelo consumo de legumes e leguminosas.
Segundo o estudo recentemente tornado publico, cada cidadão deveria reduzir em 75% o consumo de carne de vaca, em 90% o de carne de porco e comer metade da quantidade de ovos. No que diz respeito ao consumo de leguminosas, este deveria triplicar. Já o consumo de frutos secos e sementes deveria quadruplicar.
O Jornal Económico avança que a indústria agropecuária é a que mais danos causa a nível ambiental, graças à emissão de gases de efeito de estufa, à desflorestação, às quantidades de água que não são utilizadas e à contaminação de aquíferos subterrâneos.
Além desta informação – que não é propriamente uma novidade – o estudo apresenta uma previsão: se não houver uma intervenção, tudo irá ficar muito pior, dado que se prevê que a população cresça em 2,3 mil milhões em 2050, alcançando assim os 9,8 mil milhões de habitantes.
O crescimento da população estimula invariavelmente a criação de animais para consumo humano, que se está a tornar cada vez mais insustentável. Os países acidentais têm a maior culpa no cartório, dado que muitas das suas dietas são à base de produtos agropecuários.
Ainda que os investigadores lancem o alerta, admitem que esta mudança passa também pelos governos, através de políticas de educação, criação de taxas sobre os alimentos e concessão de subsídios para a produção de alimentos sustentáveis.
Isto significa que a atenção na produção de gado não é suficiente. É também necessário um cuidado adicional com os produtos de origem agrícola.
“Acho que conseguimos mudar, mas temos de ter governos mais proativos. As pessoas podem contribuir para a mudança se alterarem a sua alimentação, mas também se procurarem os seus políticos para lhes dizerem que precisam de ter melhores leis ambientais. Isso é muito importante”, concluiu Springmann.