O Rotary Club de Castelo de Paiva e a Câmara Municipal de Castelo de
Paiva promovem no próximo mês, a 28 de Fevereiro, no Hotel Rural Casa de São Pedro, em Sobrado, jantar de entrega do Prémio Barão de Castelo de Paiva ao melhor aluno(a) de Anatomia da Faculdade de Medicina do Porto.
O prémio, no valor de 250 euros, surgiu depois de um protocolo assinado entre o Rotary Club de Castelo de Paiva, Câmara Municipal de Castelo de Paiva e a Faculdade de Medicina do Porto, que reabilita o legado do primeiro Barão de Castelo de Paiva, António Costa e Paiva.
Sobre o Barão de Castelo de Paiva (1806-1879).
António da Costa de Paiva, filho de Manuel José da Nóbrega, negociante, natural de Castelo de Paiva, e de D. Maria do Carmo da Costa, nasceu no Porto a 12 de outubro de 1806.
Foi Bacharel em Filosofia e Medicina pela Universidade de Coimbra e doutor em Medicina pela Universidade de Paris. Obteve este último grau após a defesa de uma tese sobre a tísica pulmonar, elaborada durante o exílio a que o conduziram os seus ideais liberais. Quando pôde regressar a Portugal, exerceu clínica privada.
Entre 1834 e 1836 regeu a cadeira de Filosofia Racional e Moral na Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto. Em 1836 foi nomeado lente de Agricultura e Botânica nesta Academia por Decreto de 20 de Outubro e Carta Régia, de 3 de Janeiro de 1837. Neste ano, aquando da reforma da Academia Real da Marinha e Comércio e criação da Academia Politécnica do Porto, passou a ser o 1.º lente proprietário da 10.ª cadeira – Botânica, Agricultura, Metalurgia e Arte de Minas, funções que exerceu entre 1838 e 1858. Por inerência do cargo, foi nomeado primeiro Diretor do Jardim Botânico pelo Decreto de 11 de Janeiro e Carta Régia de 28 de Julho de 1838. Assegurou estas funções entre 1838 e 1855.
Escreveu sobretudo trabalhos de caráter científico. Foi autor de obras como “Aphorismos de medicina e cirurgia práticas” (1837), “Relatório do Barão de Castello de Paiva, encarregado pelo governo de estudar o estado da Ilha da Madeira, sob as relações agrícolas e económicas” (1853), “Descripção de duas espécies novas de coleópteros das Ilhas Canárias” (1861), “Novíssimos ou últimos Fins do Homem” (1866), depois de se converter ao cristianismo em 1851, e “Biographia” (1877).
Iniciou a publicação de obras literárias com a tradução comentada dos romances de Voltaire. Em 1837 editou a “Crónica d’El-Rei D. Sebastião”, de Frei Bernardo da Cruz, juntamente com Alexandre Herculano (1810-1877) e o “Roteiro da Viagem de Vasco da Gama” atribuído a Álvaro Velho, com Diogo Kopke (1805-1875); numa segunda edição, em 1860, com Alexandre Herculano.
No decurso da sua carreira, António da Costa de Paiva foi distinguido com diversos títulos e cargos honoríficos. O grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi-lhe atribuído em 1836 e o título nobiliárquico de Barão de Castelo de Paiva em 1854.
António da Costa de Paiva foi membro de Academias e Sociedades científicas, nacionais e estrangeiras, como a Academia Real das Ciências de Lisboa (sócio efetivo), a Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, a Sociedade Zoológica de Londres, a Sociedade de História Natural de Cassel, a Sociedade das Ciências Naturais de Estrasburgo, as sociedades botânicas de França e Edimburgo, a Real Academia Imperial do Rio de Janeiro, a Academia de Medicina e Cirurgia de Toulouse (sócio correspondente) e a Academia de Medicina de Montpellier (sócio correspondente). Foi vogal extraordinário do Conselho Geral de Instrução Pública, até à extinção deste em 1868.
Legou parte da sua fortuna a hospitais, instituições de caridade e a associações científicas e culturais e estabelecimentos de ensino. Ofereceu à Academia Real das Ciências de Lisboa o seu herbário da Madeira, composto por 600 espécies, e uma coleção botânica de 372 espécies, recolhida nas ilhas das Canárias.
António da Costa de Paiva faleceu na ilha da Madeira a 4 de junho de 1879.