Um estudo recente, liderado pelo neurocientista pós-PhD Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, da Califórnia University FCE, em Portugal, investigou as diferenças comportamentais em sociedades de alto QI, com foco especial no espectro autista. A pesquisa, conduzida em colaboração com Flávio Henrique dos Santos Nascimento, bacharel em medicina; Simone Costa Resende da Silva, estudante de Ciências Econômicas e Direito; Luiz Fellipe Gonçalves de Carvalho, mestre em Ciências Sociais; e Bryne Tan Jin-Yon Bryne, mestre em Ciências, foi publicada na revista “Ciencia Latina Revista Científica Multidisciplinar”.
O estudo se baseou em análises e depoimentos de membros de sociedades de alto QI, relatos de vítimas de bullying e contribuições de profissionais das áreas de neuropsicologia, neurociências e psiquiatria, além de insights do projeto RG-TEA, focado em pesquisas sobre o autismo.
Uma das principais descobertas da pesquisa foi a identificação de uma diferença significativa nos padrões de comportamento entre indivíduos no percentil 98 e no percentil 99,9 de QI. No percentil 98, observou-se uma maior incidência de comportamentos agressivos, bullying e perseguição, enquanto no percentil 99,9 esses comportamentos eram menos frequentes.
O estudo também revelou que a inteligência emocional e social, juntamente com a resiliência, desempenham um papel crucial na forma como os indivíduos com alto QI se comportam e interagem socialmente. Além disso, a pesquisa destacou a presença significativa de pessoas autistas com altas habilidades no percentil 98 de QI, em comparação com uma menor representação no percentil acima de 99.
Os pesquisadores observaram que muitos diagnósticos de superdotação em autistas estão relacionados à busca ativa por avaliações de QI, muitas vezes motivada por diferenças percebidas por pais e profissionais. Curiosamente, autistas com QI acima de 145, frequentemente classificados como Asperger, demonstraram maior capacidade de socialização e controle emocional, sugerindo que a inteligência superior pode compensar déficits na inteligência emocional e social.
Em suma, este estudo lança luz sobre a complexa relação entre inteligência, comportamento e empatia em indivíduos com alto QI, com ênfase no espectro autista. As descobertas podem ter implicações significativas para a compreensão e o apoio a pessoas com altas habilidades, especialmente aquelas no espectro autista, e podem contribuir para o desenvolvimento de intervenções e estratégias para promover interações sociais mais positivas e saudáveis nesses grupos.