As empresas “zombies” constituem um problema para a economia e em 2018, representavam 13% do total das empresas mundiais. Um número preocupante, dado que estando em situação financeira frágil, com mais dívidas do que recursos próprios, sugam investimento e emprego que poderiam ser aplicados em companhias rentáveis.
O cenário actual de taxas de juro super-baixas continua a incrementar o aumento das empresas ‘zombies‘. Estão em causa empresas endividadas que não têm capital suficiente sequer para pagar os juros devidos aos Bancos.
Segundo dados do Bank of America Merrill Lynch (BofA na sigla original em Inglês) citados pela CNN, as empresas ‘zombies‘ constituíam 13% do total de empresas mundiais em 2018. Um dado relevante e pelos piores motivos, já que 2018 foi visto como um ano de recuperação económica.
Isto significa que estas empresas em estado de “mortas-vivas” não têm condições para se levantarem da crise em que estão enterradas, não revelando viabilidade económica e existindo completamente dependentes dos créditos bancários.
Como uma bola-de-neve problemática, os Bancos continuam a alimentar linhas de crédito porque não têm interesse em reflectir nas suas contas as perdas com estas empresas.
A política de taxas de juro baixas contribui para este cenário, já que facilita o endividamento das empresas e, por outro lado, os investidores também apostam mais facilmente em sociedades que implicam mais riscos.
“Os bancos centrais pressionaram as taxas de juro para zero” e desta forma, “ninguém pode ir à bancarrota”, constata na CNN o estratega chefe de investimentos do BofA, Michael Hartnett.
Estas empresas conseguem, assim, manter-se “à tona” quando “não deveriam estar no negócio”, já que estão “a usar recursos – como capital ou trabalho – que podiam ser usados de forma mais eficiente noutro lado”, aponta Hartnett. Além disso, afastam o investimento e o emprego de empresas mais produtivas.
Mais de 7500 empresas ‘zombies‘ em Portugal
Em Portugal, as empresas ‘zombies‘ têm um peso relevante na economia nacional. Em 2015, representavam 10% do endividamento e 14,3% do emprego no país, segundo o estudo “Investimento Empresarial e o Crescimento da Economia Portuguesa” lançado pela Fundação Calouste Gulbenkian em Dezembro de 2017.
Esta análise à realidade económica nacional constatou que a incidência de empresas ‘zombies‘ se situava nos 26% em 2015 – em 2012, era de 36% do total. Em termos de sectores, o destaque vai para o alojamento e a restauração, com uma representação de 40%, seguindo-se o comércio (24%) e a indústria transformadora (23%).
Quanto a regiões, a maior percentagem situa-se na Madeira (34,1% do total) e nos Açores (25,4%).
Outro estudo relativo ao ano de 2015, intitulado “Empresas Zombie em Portugal – Os sectores não transaccionáveis da construção e dos serviços” e efectuado pelo Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e Inovação, aponta que mais de 10% das empresas portuguesas de construção e serviços não têm viabilidade económica.
Este relatório divulgado pelo Dinheiro Vivo destaca que estas empresas “sobrevivem à custa de crédito”, pagando “salários acima da produtividade” e não conseguindo gerar “receitas suficientes” para a sustentabilidade das operações.
Em termos de números, estas empresas ‘zombies‘ eram mais de 7500, ou seja, 10,65% do total em 2015. Em 2008, tinham-se situado nas 5100 (5,24% do total) e em 2013, eram 9500 (12,48%).
SV, ZAP //
Fonte: ZAP