O jornal Paivense foi tentar perceber o que ainda falta fazer, no ponto de vista da oposição, para Castelo de Paiva. À conversa com José Rocha, atual líder do PSD, foi possível constatar que, no olhar do partido de oposição, o futuro da vila passa pelo investimento e usufruto das paisagens e praias.
Entrevista:
Jornal Paivense: Em 2017 foi candidato às autárquicas e não venceu. Em 2021 vai voltar a candidatar-se?
José Rocha: Eu, quando em 2016 apresentei a minha candidatura, tinha objetivos bem definidos e em conjunto com a minha equipa apresentamos um programa ambicioso, motivado e que rompia com a apatia e atraso a que o nosso concelho tem assistido. Disse na Campanha que não podíamos ficar mais quatro anos parado e que tínhamos de seguir os exemplos de sucesso, ser arrojados e ambiciosos, apostando na inovação, competitividade e empreendedorismo.
Não venci as eleições, e com muita pena vejo que nada vai mudar, vimos as prioridades erradas e continua a falta de rumo e estratégia, e por isso não irei desistir. Não vou desistir e tenho toda a disponibilidade para ser candidato nas eleições de 2021.
O José Rocha diz que Gonçalo Rocha, atual presidente da Câmara, tem as prioridades erradas e falta de estratégia e rumo. Afinal, o que pretende dizer com isso?
Claro que sim. Somos um concelho com poucos recursos e por isso temos que saber usar cada cêntimo no desenvolvimento e competitividade do nosso concelho. Gonçalo Rocha diz que o Turismo vai ser uma aposta, mas não cria âncoras para o seu desenvolvimento. Precisamos de ter atrativos para manter os nossos turistas mais que umas horas em Castelo de Paiva, e dou-lhe dois exemplos do que poderiam ser essas âncoras e que Gonçalo Rocha que está no seu último mandato não foi capaz de fazer. A revitalização da Quinta da Boavista e o Centro Museológico do Couto Mineiro. Não é estratégico copiar os Passadiços dos nossos vizinhos e esquecer as âncoras. Arouca tem por exemplo o Mosteiro de Santa Maria de Arouca, o Museu Municipal de Arouca e o Mosteiro de Arte Sacra.
Se falarmos em prioridades, um exemplo gritante de uma má prioridade é a aquisição de uma estátua para a Rotunda da Boavista. Para Gonçalo Rocha a primeira prioridade deste mandato foi gastar 35000 euros (sete mil contos) numa estátua que por si só não vai trazer nenhum valor acrescentado. Voltamos atrás a falta estratégia de rumo. De que vale uma estátua se tudo o resto está por fazer. Se os nossos jardins estão desleixados, se temos a principal entrada do nosso concelho (Fojo, junto ao Cemitério) com cartazes abandonados e tudo sujo. Se não temos nem fazemos nada pelo Centro Museológico do Couto Mineiro, pela Quinta da Boavista.
Tendo em conta que é produtor de vinho na região, o que pensa ter para oferecer no que concerne à divulgação dos produtos regionais?
Parte da responsabilidade da Câmara municipal, em conjunto com os produtores fazer o marketing do vinho. Não podemos ser mais um vinho verde, temos que criar a nossa própria identidade como vinho verde de Castelo de Paiva.
Quem é o maior consumidor de vinho do mundo?
Em primeiro lugar, a China. Depois, vem o mercado brasileiro. Penso que seria de apostar a divulgação externa do vinho verde de Castelo de Paiva, mas antes temos que reforçar a nossa posição a nível nacional para depois podermos dar passos mais longos e apostar em força na divulgação internacional.
O que faz hoje a fim de divulgar a sua própria marca?
Estou sempre a participar em feiras, sendo que utilizo também bastante a rede social.
Sobre os eventos em Castelo de Paiva, o que falta para que seja um melhor atrativo para o turismo?
Todos os eventos são importantes, embora mantendo-os, iria certamente baixar os seus custos para ter possibilidade e folga orçamental para investir noutras necessidades que vejo com mais urgência para Castelo de Paiva.
Qual é o seu plano para atrair investimento para a vila?
Entrar em contacto com as empresas e averiguar quais as necessidades deles e em que medida a Câmara municipal poderia incentivar essas empresas a fixarem-se aqui.
Teria algum tipo de isenção fiscal?
Dentro da capacidade do município poderia equacionar a possibilidade de isenção de algumas taxas, bem como da negociação do próprio terreno para implementação de industrias.
Há espaço para um parque industrial?
Neste momento há várias empresas que estão em Castelo de Paiva e querem alargar a sua industria e não encontram terreno nem ajuda da Câmara municipal para ultrapassar essa dificuldade. Há uma verdadeira necessidade de criar um parque industrial, para que a pouca industria que neste momento existe, não fuja para outros conselhos.
Há falta de oportunidades de emprego no concelho?
O que leva os jovens a deixarem o concelho, é a procura de oportunidade em concelhos vizinhos.
Há a necessidade da criação de incubadoras (uma área/ espaço) para criação de novas empresas apoiando, desta forma, os nossos jovens a serem empreendedores e a criarem o seu próprio posto de trabalho.
Numa região em que a natureza é o principal atrativo, qual é o seu projeto para a questão ambiental?
Em primeiro lugar, tem a que ver uma aposta concreta no saneamento, não se pode compreender como um concelho como Castelo de Paiva, em 2018, ainda tem saneamento e a sua taxa de cobertura está a nível abaixo dos 20%.
O problema da floresta vem há muito tempo, mas nunca foi visto de forma organizada. Tem que se investir na prevenção e em pessoas com qualificações necessárias para um eficaz combate aos incêndios bem como para não só criarem planos mas efetivamente trabalharem no terreno, de forma a que, quando surja um incêndio, estejam reunidas as condições para um melhor combate e uma menor propagação do mesmo.
A escola de Castelo de Paiva não esteve bem posicionada no ranking nacional. Quais são os seus projeto para educação?
Nós, para educação, temos que proporcionar aos nossos jovens condições para que eles possam obter bons resultados para seu futuro. Portanto, a Câmara municipal e o Agrupamento de Escolas, tem que começar desde logo, nos primeiros anos, a apostar assertivamente e com empenho, na sua formação durante o horário letivo, mas também proporcionar várias atividades extra curriculares que os motivam a dedicar-se a sua formação e que, ao mesmo tempo, também motivem os docentes a terem um maior empenho na sua atividade pedagógica.
O que pensa fazer pela saúde no concelho?
Cada vez mais há uma necessidade de garantir um serviço de urgência no nosso concelho durante 24horas aberto. Pois, com o envelhecimento da nossa população, também temos que criar condições para o seu bem-estar e para o seu bom atendimento a quando de qualquer urgência. Não podemos continuar a permitir que quem mais precise tenha que estar seis ou sete horas numa sala de espera de um hospital central como acontece neste momento.
Castelo de Paiva tem desenvolvido estratégias de marketing para fomentar o concelho nacional e internacionalmente?
Apostar em turismo não é só apostar internamente, mas externamente.
O Marketing, a publicidade e a imprensa, são meios fundamentais para o desenvolvimento do turismo e da economia local. Isso seria feito através da imprensa, media e publicidade. Temos que acompanhar a tecnologia e o seu desenvolvimento. Neste momento, estamos muito fechados para dentro e não para o fora. Não podemos ser apenas conhecidos pelo acidente da ponte, mas também pelas qualidades e mais valias que temos.
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Concordo plenamente.
Geoparque Arouca: “«Arouca Geopark» é a designação de um território diferenciador. Valorizando os recursos endógenos, num território com características únicas, dá-se a conhecer, quer através de atividades de carácter educativo, quer com base na cooperação entre as entidades que lhe dão vida. Com uma estratégia de desenvolvimento sustentável, este Geoparque Mundial da UNESCO tem beneficiado do aumento de uma procura turística de qualidade, muito por força de uma infraestruturação cuidada, que proporciona, igualmente, uma oferta de qualidade. Hoje, os Passadiços do Paiva, a Rota dos Geossítios e a oferta de programas e pacotes turísticos são verdadeiras referências, que contribuem para os objetivos de crescimento inteligente, inclusivo e sustentável.”