Novas estudos deixam um alerta: A Antártica está a correr sérios perigos de desaparecer. Os cientistas já apelidaram o Thwaites – um glaciar do tamanho da Grã-Bretanha localizado no oeste do continente – de “glaciar do juízo final”, devido à rapidez com que está a derreter.
O Thwaites, está a derreter a um ritmo alarmante: está a recuar cerca 800 metros por ano. Os cientistas acreditam que o glaciar deverá perder todo o seu gelo nos próximos 200 a 600 anos. Quando isso acontecer, haverá um inevitável aumento do nível do mar em cerca de 0,5 metros. Contudo, o aumento do nível do mar não é a única consequência do derretimento de gelo na Antártida – revela o Science Alert.
O colapso do Thwaites pode trazer com ele carradas de gelo que estão presentes no oeste da Antártica. Sendo assim o aumento do nível do mar não aumentaria apenas 0,5 metros, mas sim 3 metros, o que acabaria por colocar grandes cidades submersas, como é o caso de Nova York, Miami e Holanda – regiões costeiras.
David Holland, professor de ciência atmosférica na Universidade de Nova York diz que este fenómeno pode implicar “uma grande mudança”.
Dois novos estudos acrescentaram ainda mais detalhes a este quadro que já é alarmante. Uma pesquisa publicada na semana passada no jornal Cryosphere, descobriu que as correntes oceânicas quentes podem estar a corroer os extremos do glaciar Thwaites.
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Entretanto, um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences na segunda-feira, usou imagens de satélite para mostrar o Thwaites e o seu vizinho, o glaciar Pine Island. Os dois estão a fragmentar-se mais rapidamente do que se pensava e já contribuíram com cerca de 5% para o aumento global do nível do mar.
A má notícia é que não é só o Thwaites que está a desmoronar, pois a camada de gelo da Antártica está a derreter seis vezes mais rápido do que na década de 1980, perdendo assim 252 mil milhões de toneladas por ano da sua composição, contra os 40 mil milhões de toneladas por ano que perdia há 40 anos.
O novo estudo PNAS descobriu que as margens de cisalhamento nos glaciares Pine Island e no Thwaites estão a enfraquecer, e por isso estão mais vulneráveis o que faz com que se partam – o que pode estar a causar o fluxo de gelo para o oceano.
Quando as camadas de gelo derretem por baixo, podem perder a sua estrutura, fazendo com que derretam ainda mais rápido e se desintegrem no oceano, como está a acontecer com o glaciar Thwaites.
A fusão do glaciar Thwaites é tão preocupante que os EUA, e o Reino Unido criaram uma agência internacional para estudar o fenómeno, a Colaboração Internacional do Glaciar Thwaites.
Os investigadores calcularam que o glaciar de Pine Island perdeu uma área equivalente ao tamanho de 10 cidades de Lisboa, nos últimos seis anos. “São os primeiros sinais que temos de que a plataforma de gelo de Pine Island está mesmo a desaparecer“, disse Stef Lhermitte, especialista em satélites e principal autor do estudo PNAS.
De acordo com um relatório de 2018, o aumento do nível do mar pode afetar até 800 milhões de pessoas até 2050.
O relatório, da rede climática C40 Cities, descobriu que o aumento do nível do mar pode ameaçar o fornecimento de energia a 470 milhões de pessoas,e regularmente expor 1,6 mil milhões de pessoas a temperaturas extremamente altas.
Num cenário mais trágico, se todo o de gelo da Antártica derretesse, os cientistas estimam que o nível do mar aumentaria 60 metros.