O ex-deputado Luís Montenegro, que liderou a bancada social-democrata, baixou o machado de guerra e prometeu deixar “todo o espaço de intervenção política à direção do partido”, ajudando-a no combate ao Governo.
Horas depois de Rui Rio ter visto a sua moção de confiança aprovada pelo conselho nacional extraordinário do PSD, Luís Montenegro disse estar de “consciência tranquila” e passou essa ideia várias vezes.
“Disponibilizei-me para o meu país e para o meu partido numa hora difícil. A minha iniciativa teve um efeito inegável: acordou um gigante adormecido“, declarou o antigo líder do grupo parlamentar que, precisamente há uma semana desafiou o ex-presidente da Câmara do Porto a convocar eleições diretas, assumindo-se como candidato à liderança social-democrata.
Numa conferência de imprensa, em Espinho, o ex-deputado afirmou, “sem hipocrisias”, que as divergências para com o presidente do partido não desapareceram, mas prometeu reserva nas intervenções públicas quanto às divergências que mantém com Rui Rio.
“Deixarei todo o espaço de intervenção política à direção do PSD, aproveitarei a minha intervenção pública para fazer um combate cerrado ao Governo, ao primeiro-ministro António Costa e ao PS por tudo aquilo que tem feito ou não tem feito no país”, assegurou, citado pelo Público.
Montenegro, ao declarar que o partido terá, a partir de agora, melhores condições para garantir “unidade interna” para conquistar “uma terceira vitória nas legislativas de forma consecutiva”, colocou a fasquia num patamar diferente daquele que Rio fixou no conselho nacional extraordinário.
Afirmando que a partir de agora nada será como dantes no PSD, Montenegro insistiu na ideia de que a realização de eleições diretas antecipadas “seria a verdadeira clarificação”.
“Não menosprezo nem ignoro o debate e deliberação do conselho nacional do PSD. Apesar das vicissitudes administrativas e apesar de não ter sido convidado para participar nessa reunião, segui de perto o que lá se passou. Sei que foi uma reunião muito viva, uma reunião à PSD”, congratulou-se, recusando-se a falar dos “ataques pessoais” que lhe foram feitos, considerando-os “injustos, desadequados ou falsos”.
Montenegro recusou-se a apontar vencedores e vencidos e disse que continuará, como sempre, ao lado do PSD. “Nunca na minha vida votei noutro partido”, frisou, reconhecendo que “o PSD vai concentrar-se em garantir a sua unidade interna e garantir ao país uma oposição firme, efetiva que possa dar corpo a muito descontentamento que se sente na sociedade portuguesa”.
Sublinhando que o partido está agora “mais forte e mais apto a poder disputar os confrontos eleitorais que tem pela frente”, Luís Montenegro declarou: “Vou estar onde sempre estive, no meu partido, a aprofundar e dissecar os resultados, espero que de bandeira na mão a festejar uma vitória”.
Com o apoio de apenas meia centena de militantes, Luís Montenegro foi derrotado no Conselho Nacional que pôs à prova a direção de Rui Rio. Depois de dez horas de debate e muita celeuma sobre o método de votação os militantes aprovaram com voto secreto a moção de confiança, com 75 votos a favor, 50 contra e um voto nulo – uma vitória que se traduz numa percentagem de 59,5%.
Questionado sobre a legitimidade para continuar à frente do partido, Rio foi perentório: “legitimidade para liderar o partido tive sempre, porque ganhei as diretas. Naturalmente, face a todo este tumulto, este é um resultado importante porque é um pouco superior ao que foram as diretas”, que venceu com 54,37% dos votos, há um ano.
Fonte: ZAP