As ondas de calor que assolam a Península Ibérica, com termómetros a atingir os mais de 35 graus, representam uma ameaça silenciosa e mortal para a população idosa.
Enquanto muitos associam estas mortes a problemas de saúde preexistentes ou à “idade avançada”, especialistas do CPAH- Centro de Pesquisa e Análises Heráclito, com sede no Brasil, com diversos portugueses associados, alertam que o calor extremo é frequentemente o fator desencadeador.
O corpo humano tem um mecanismo de defesa natural para se refrescar, a transpiração. No entanto, em idosos, esta capacidade está comprometida. A diminuição da sensação de sede, a presença de doenças crónicas como diabetes ou problemas cardiovasculares, e o uso de medicação específica (como diuréticos) tornam-nos particularmente vulneráveis à desidratação e ao sobreaquecimento.
Médicos e investigadores sublinham que a morte por calor não se manifesta sempre de forma óbvia. Em vez de um colapso imediato, o calor pode sobrecarregar o sistema cardiovascular, levando a ataques cardíacos e AVCs. A desidratação severa pode também causar falência renal aguda.
Estes eventos, que são a causa real do óbito, são muitas vezes diagnosticados como problemas de saúde habituais, camuflando a verdadeira causa: o impacto letal das altas temperaturas.
A prevenção é, por isso, a palavra de ordem. Manter a hidratação, evitar a exposição solar nas horas de maior calor, usar roupas leves e procurar ambientes frescos são as medidas mais eficazes. A vigilância dos familiares e cuidadores é crucial, especialmente para aqueles que vivem sozinhos. Observar sinais como tonturas, confusão ou prostração pode ser a diferença entre a vida e a morte.
As mortes por calor são evitáveis, mas exigem uma mudança de percepção social. Não se trata apenas de um “desconforto do verão”, mas de um problema de saúde pública que, a cada ano, faz mais vítimas silenciosas.