O facto de ser um madrugador ou, pelo contrário, um verdadeiro notívago, está relacionado com pequenas variações no relógio interno do seu corpo. Se estiver indeciso, não se preocupe: no futuro, uma análise ao sangue poderá tirar as suas dúvidas.
Muitas pessoas desconhecem, mas um “desalinhamento” entre o nosso relógio biológico e o tempo real pode ser prejudicial para a nossa saúde. Assim, uma análise ao sangue que seja capaz de nos dizer que horas são no nosso corpo seria um avanço muito positivo.
A nova análise ao sangue, chamada TimeSignature, usa um algoritmo treinado para procurar padrões de expressão genética em diferentes momentos do dia, explica o artigo científico publicado esta segunda-feira na PNAS.
Os investigadores examinaram cerca de 20 mil genes e descobriram que cerca de 40 mostram sinais genéticos robustos conectados a diferentes tempos – isto é, estes 40 genes são mais propensos a “ligar” em determinados momentos do dia, tudo com base no relógio biológico do ser humano.
O Live Science dá um exemplo: se o corpo de uma pessoa pensa que são 6 da manhã, esse indivíduo expressará mais o gene A do que o gene B; mas se pensar que já são 8 da manhã, talvez expresse mais o gene C. No fundo, o TimeSignature aprende estes padrões e, com eles, desenha uma espécie de horário interno do nosso corpo.
Os processos realizados pelos nossos órgãos são orientados pelo chamado “ritmo circadiano”, o que designa o período de aproximadamente 24 horas sobre o qual se baseia o nosso “relógio biológico“. As pessoas que não estão em sincronia com o tempo real podem ter dificuldades no tratamento de algumas doenças.
Para que o teste seja preciso, o paciente precisa de realizar, pelo menos, duas análises ao sangue espaçadas no tempo. Este teste pode ser capaz e ajudar os médicos a administrar doses de medicamentos em momentos precisos, apesar de serem necessários mais estudos científicos antes de o teste poder ser usado clinicamente.
“Há muitos medicamentos que têm tempo ideal para a dosagem”, começou por explicar Phyllis Zee, coautora do estudo e neurologista da Northwestern Medicine. “A hora ideal para tomar um medicamento para a pressão arterial ou, até, quimioterapia, pode variar de pessoa para pessoa.”
Além disso, acrescenta a investigadora, quase todas as células do corpo ditam o tempo – e muitas delas ditam também os processos no corpo com base nas horas que são. Por exemplo, se for hora de dormir, as células libertam melatonina.
Interromper o ritmo circadiano pode ter várias implicações, tais como asma, diabetes, obesidade ou doenças cardíacas. Esta inovação pode, assim, ser capaz de melhorar o diagnóstico de tais distúrbios.
“Sabemos que se interromper o relógio interno, ele pode predispor a sua saúde a uma série de doenças”, disse Ravi Allada, professor de neurobiologia da Northwestern e autor do artigo. “No fundo, o tempo é tudo.”