Com base nos dados meteorológicos de hoje, dia 9 de Julho, observa-se que a região de Castelo de Paiva regista temperaturas elevadas (máximas de 30 ºC), céu limpo, humidade reduzida e vento moderado a forte (rajadas até 36 km/h). O índice de radiação ultravioleta atinge níveis muito elevados (nível 9), exigindo protecção máxima entre o final da manhã e o meio da tarde. Este tipo de cenário repete-se há dias consecutivos em várias regiões do Centro-Norte de Portugal, incluindo Arouca e Viseu, criando condições propícias à ignição e propagação de incêndios florestais.
Fenómenos naturais ou ignições humanas?
Segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), cerca de 90% dos incêndios florestais em Portugal têm origem humana, sendo que mais de 50% são classificados como intencionais ou negligentes. As causas naturais (descargas eléctricas, reacções químicas espontâneas em solos orgânicos, entre outras) são estatisticamente muito raras, representando menos de 3% dos casos.
Para que um incêndio não criminoso (de causa natural) ocorra, seria necessário um conjunto específico de factores, como:
- Temperatura elevada constante, acima de 30 ºC;
- Humidade relativa do ar extremamente baixa, geralmente inferior a 20%;
- Combustível seco acumulado, como mato e resina exposta;
- Vento intenso e persistente, que acelera a desidratação da vegetação;
- Origem de ignição natural, como um raio ou reacção térmica espontânea (muito raro em Portugal).
Nos últimos dias, apesar das temperaturas elevadas e da baixa humidade, não houve registo de trovoadas secas nem descargas eléctricas atmosféricas nas áreas mencionadas. Isso reduz drasticamente a probabilidade de uma ignição de origem natural, reforçando a hipótese de ignição por actividade humana (que pode ir desde queimadas mal controladas a acções criminosas deliberadas).
Face ao quadro meteorológico actual e ao histórico estatístico nacional, é pouco provável que os incêndios que afectam áreas como Castelo de Paiva, Arouca e Viseu sejam fruto do acaso ou de fenómenos naturais. As condições atmosféricas potenciam a propagação do fogo, mas a ignição, na maioria dos casos, não é espontânea.
As autoridades alertam para a necessidade de vigilância comunitária e colaboração com as forças de segurança, especialmente em dias de risco muito elevado como os de hoje. O combate eficaz aos incêndios começa na prevenção e denúncia, não apenas no terreno.